Julia, minha garota do Leblon, foi concebida no verão de 2005 e nasceu no começo da primavera, com todas as equipes da maternidade do Hospital Albert Einstein a seus pés: foi a única criança nascida naquela madrugada. Parecia a Branca de Neve, com uma vasta cabeleira negra, a pela leitosa e a boca carmim.

Dorminhoca e gulosa desde sempre, revelou-se uma chocólatra já no primeiro aniversário: sentei-a à mesa de doces para tirar uma foto e, num piscar de olhos, as mãozinhas e a boca já estavam docemente achocolatadas.

Com um ano e cinco meses entrou na escola bilíngue e, apesar de tagarela dentro de casa, não abria a boca por lá: observava e entendia tudo, mas interagia e brincava em silêncio. Ao se sentir senhora de si, soltou o verbo. E não parou mais. Desde então, se tornou a rainha das histórias, que ela adora contar nos mínimos detalhes.

De tanto encharcar o travesseiro com sua vasta cabeleira, muito cedo a levei para cortar o cabelo bem curtinho, o que a fez virar a garota mais moderna do pedaço. Criou um estilo único, com lacinhos e tiaras, sua marca registrada até o começo da adolescência quando, finalmente, deixou as madeixas crescerem.

Como pouco mais de três anos, roubou a cena no Cirque du Soleil, em Orlando: os palhaços se calaram e a audiência inteira se virou para ver quem era a dona daquela gargalhada deliciosamente irresistível.

No último ano do Ensino Infantil, reinou absoluta na turma da "Julia e os sete meninos". No Fundamental 1, incorporou a Beyoncé numa festa de encerramento anual e, no primeiro ano do Fundamental 2, recém chegada à escola nova, foi a performática noiva da festa de São João. Desenvolveu a ginga e a veia artística em anos de teatro e dança.

Cheia de personalidade, predestinadamente "justa", é uma filha, irmã, neta, sobrinha, prima, amiga e namorada amorosa, com o dom de encantar as pessoas. Aluna responsável e estudiosa, traduz em textos irretocáveis sua visão crítica do mundo.

Essa é a minha garota do Leblon, meu amor de filha que, com apenas 17 anos, está começando a faculdade de jornalismo na PUC-SP. E eu sou puro orgulho. Afinal de contas, não é todo dia que uma mãe tem uma colega de profissão tão talentosa, dentro de casa.