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O estupro, o machismo e a injustiça dos homens
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Neivia Justa, jornalista, empreendedora, palestrante, mentora, professora, fundadora e líder da JustaCausa, com 30 anos de experiência como líder de Comunicação, Cultura, Diversidade, Equidade e Inclusão em empresas como Natura, GE, Goodyear e J&J. Criadora do programa #LíderComNeivia e dos movimentos #OndeEstãoAsMulheres e #AquiEstãoAsMulheres, foi a vencedora do Troféu Mulher Imprensa e do Prêmio Aberje 2017 e, em 2018, foi eleita uma das Top Voices do Linkedin Brasil.

O estupro, o machismo e a injustiça dos homens

Lyle e Erik são filhos de José e Kitty. O pai, um imigrante cubano que fez carreira e fortuna na indústria do entretenimento. A mãe, uma mulher de família tradicional americana que abriu mão de sonhos para ser esposa e mãe
Neivia Justa, jornalista, executiva e criadora do movimento #ondestãoasmulheres (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Neivia Justa, jornalista, executiva e criadora do movimento #ondestãoasmulheres

Há duas semanas, a Julia me disse: "mamãe, precisamos assistir a série sobre os irmãos Menendez. Só se fala disso no meu TikTok."

Eu desconhecia a história dos rapazes americanos que assassinaram o pai e a mãe, com tiros de escopeta, na mansão da família, em Beverly Hills, no final dos anos 1980.

À época, Lyle tinha 21 anos e Erik, 18. A história é sórdida, cruel e cheia de nuances. Daqueles casos em que a dura realidade horroriza qualquer ficção.

Lyle e Erik são filhos de José e Kitty. O pai, um imigrante cubano que fez carreira e fortuna na indústria do entretenimento. A mãe, uma mulher de família tradicional americana que abriu mão de sonhos para ser esposa e mãe.

À distância, uma feliz e perfeita família dos sonhos, daquelas de comercial de margarina. De perto, um relacionamento absolutamente disfuncional, violento e desumano.

José abusava sexualmente dos filhos desde que eles tinham seis anos de idade. Dizia aos meninos que era assim que os gregos aprendiam a ser fortes. O depoimentos dos rapazes no tribunal é de embrulhar o estômago e dilacerar o coração: tudo começava com massagens e carícias, evoluía para sexo oral e introdução de objetos até chegar ao estupro recorrente.

Para tentar "normalizar" a aberração, Lyle passou a molestar o irmão pequeno, reproduzindo o que pai fazia com ele. Até que implorou ao pai que parasse com aquilo pois a dor era insuportável. Como era o filho "favorito", seu pedido foi atendido. E, a partir de então, a vítima dos abusos sexuais do pai passou a ser Erik, que sofreu calado por 12 anos, até pedir ajuda ao irmão para acabar com aquela tortura.

Foi nesse momento que eles, acreditando estarem correndo risco de morte, planejaram e assassinaram seu pai e sua mãe. O 1º julgamento, uma espécie de "big brother", foi anulado por empate técnico, com todos os homens do júri se recusando a acreditar que os rapazes haviam sido estuprados anos a fio. O machismo venceu.

O 2º julgamento aconteceu logo depois da absolvição de OJ Simpson e, numa cruzada para restaurar a reputação da justiça americana, foi absolutamente manipulado para condenar Lyle e Erik à prisão perpétua, sem condicional. A injustiça venceu.

O caso está prestes a ser reaberto. n

 

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