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Homens do lar
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Neivia Justa é jornalista, empreendedora, palestrante, mentora, professora, fundadora e líder da JustaCausa, com 30 anos de experiência como líder de Comunicação, Cultura, Diversidade, Equidade e Inclusão em empresas como Natura, GE, Goodyear e J&J. Criadora do programa #LíderComNeivia e dos movimentos #OndeEstãoAsMulheres e #AquiEstãoAsMulheres, foi a vencedora do Troféu Mulher Imprensa e do Prêmio Aberje 2017 e, em 2018, foi eleita uma das Top Voices do Linkedin Brasil

Homens do lar

Minha psicanalista deu voz ao nosso inconsciente coletivo machista, ao afirmar que uma mulher não respeitaria um marido cujo repertório girasse em torno de questões domésticas, como a agenda dos filhos ou o preço da batata
Foto: Warner Bros. Pictures/ Divulgação "Um Senhor Estagiário" é o filme da Sessão da Tarde desta quarta-feira, 26

Em dezembro de 2011, eu representava a GE no encontro anual do Communications Consortium, um grupo de comunicadores globais de oito grandes empresas americanas, quando conheci uma colega americana que "alugou um triplex na minha cabeça".

Estávamos num intervalo da programação, lá na sede da IBM, em Nova York, quando ela me contou que seu marido havia aberto mão da carreira para cuidar do filho deles, uma vez que a carreira dela se mostrava mais promissora. Lembro de ter pensado: "que revolucionário! Será que algum dia verei homens brasileiros fazendo esse tipo de escolha?"

Voltei para casa e levei o tema para a terapia. Minha psicanalista deu voz ao nosso inconsciente coletivo machista, ao afirmar que uma mulher não respeitaria um marido cujo repertório girasse em torno de questões domésticas, como a agenda dos filhos ou o preço da batata. Concordei com ela e segui a vida.

Quando o filme "Um senhor estagiário" foi lançado, em 2015, lembrei da minha colega. Será que seu acordo com o marido estava sobrevivendo ao machismo estrutural do mundo? Ou seu casamento teria sucumbido como o da protagonista de Anne Hathaway? Fiquei feliz e esperançosa quando vi que eles continuavam juntos, haviam tido um segundo filho e que ela seguia ascendendo na carreira.

Em 2017, tive a oportunidade de conhecer um brasileiro, ex-executivo de grandes empresas, que havia aberto mão de sua carreira para acompanhar a esposa quando ela foi promovida para uma posição em Cingapura. Durante quase cinco anos, ele foi dono de casa e pai da Luiza, enquanto sua esposa trabalhava e crescia na carreira, entre Cingapura, os Estados Unidos e a França. "O macho do século XXI" é o nome do livro em que ele conta essa história.

Todas essas lembranças me invadiram enquanto eu assistia a nova versão do filme "A guerra dos Roses", lançado no mês passado, agora chamado de "Os Roses". O filme original, de 1989, é baseado no livro homônimo de 1981, escrito por Warren Adler. A história atualizada para o século 21, passados 35 anos, me fez pensar sobre o quanto ainda temos que avançar para que o gênero não seja determinante nas oportunidades e responsabilidades que temos. Seguimos na luta!

 

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