Neivia Justa é jornalista, empreendedora, palestrante, mentora, professora, fundadora e líder da JustaCausa, com 30 anos de experiência como líder de Comunicação, Cultura, Diversidade, Equidade e Inclusão em empresas como Natura, GE, Goodyear e J&J. Criadora do programa #LíderComNeivia e dos movimentos #OndeEstãoAsMulheres e #AquiEstãoAsMulheres, foi a vencedora do Troféu Mulher Imprensa e do Prêmio Aberje 2017 e, em 2018, foi eleita uma das Top Voices do Linkedin Brasil
.Sim, envelhecer custa caro. O aumento do nosso tempo de vida vai aumentar ainda mais nossa desigualdade social. Como nossos velhos conseguirão viver sem identidade, utilidade e dignidade?
Foto: Reprodução / Instagram / @pincele.fortaleza
Nos últimos anos, atividades manuais muitas vezes associadas a um público mais velho ou a tempos antigos, ganharam nova roupagem entre as gerações mais novas.
Você já experimentou fazer um censo demográfico da sua família? Não se surpreenda se encontrar mais velhos do que jovens e crianças. Segundo o IBGE, hoje existem 55,2 idosos para cada 100 crianças brasileiras de 0 a 14 anos. Já temos 33 milhões de pessoas com mais de 60 anos, ou seja, 15,8% da nossa população. Até 2030, esse número deve ultrapassar o de crianças. Sim, de acordo com a legislação brasileira, nos tornamos idosos aos 60 anos!
Nossa taxa de natalidade vem caindo desde meados dos anos 1970. Essa queda tem sido acentuada por fatores como acesso a métodos contraceptivos, custo de vida e priorização da carreira em detrimento ou adiamento da maternidade, especialmente por parte das mulheres com maior escolaridade e renda. Por outro lado, os avanços da ciência e da tecnologia vêm aumentando nossa expectativa de vida. Apesar de toda a nossa desigualdade social, o número de pessoas com 65 anos ou mais cresceu 57,4% entre 2010 e 2022, aqui no Brasil.
Tenho ouvido que "ficamos velhos antes de ficarmos ricos". E é muito curioso ver nosso espanto ao nos darmos conta dessa realidade. Onde estávamos que não percebemos nosso próprio envelhecimento? Afinal de contas, a cada dia que passa, temos um dia a menos de vida. Estamos mais velhos hoje do estávamos ontem.
Muito embora ouçamos que hoje existem até cinco gerações trabalhando juntas, em algumas empresas, a imensa maioria das pessoas com mais de 50 anos já foi excluída do mercado formal de trabalho. Em especial as mulheres, que vivem mais que os homens e ainda são responsáveis por 95% do trabalho informal de cuidadores. Essa conta não fecha.
Sim, envelhecer custa caro. O aumento do nosso tempo de vida vai aumentar ainda mais nossa desigualdade social. Como nossos velhos conseguirão viver sem identidade, utilidade e dignidade? Sem dúvida, a longevidade traz uma série de novos desafios para um país que não se preparou para garantir acesso à saúde, qualidade de vida, emprego e renda para seus idosos. Por tudo isso, fiquei imensamente feliz em ver que "perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira" foi o tema da redação do ENEM deste ano.
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