Areia movediça, corpos impuros. 

Afundando em silêncio. Mente em chamas,

Delirando com a luxúria, um prato de comida.

E um chinelo novo para usar. Perdido no escuro, labirinto fabricado, não saio do lugar.

Sem escapatória, apneia, claustrofobia 

(Alguém tentou me avisar)

Minotauro de Borges, refém da ambição

Os sonhos me devoram os leões.

(Uma roupa boa e a alegria de mãe)

Vítima do Desejo divino, eclesiástico 

Cura milagrosa, agora é tarde.

Derrama sobre mim o óleo sagrado.

Vista limpa, preso ao passado.

Nada me resta além de seguir em frente.

Arando com meu sangue terra infértil.

Futuro artificial, lembro de meus antepassados.

Projeto, servindo-lhes as taças.

Sem valor algum, me despojam o nome.

As vestes, a alegria do viver automaticamente.

Vou comprando o que me dizem.

Desejando tudo o que brilha.

Afundando mais e mais.

No reflexo escuro do mar