Minha amiga ronrona como um gato,

Quando deita o peito sobre o meu.

É o som que fazes,

Antes de perder a vergonha da voz.

Desculpe-me por ter nascido,

Eu, na verdade, nem me importo.

Desculpe-me só por franzir tuas sobrancelhas,

E velejar o mar em suas veias.

Tu sabe o som que o vento faz,

Quando sussurra ao oco das árvores?

Tu sabe o som que as garrafas fazem,

Quando ventanias transportam seus vazios?

Desculpe-me se nasci,

Sempre peço desculpas,

Por ser fácil de sentir,

Difícil de manter.

Desculpe-me se nasci,

Eu, na verdade, nem me importo.

Acontece que sou fácil de amar,

Difícil de entender.

Meu exército lento, feito de acidentes,

Esmagam alguma coisa, em algum lugar.

Perdão por ter induzido teu timbre,

Não soube me fazer, muito menos onde estar.