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Os olhares da Liz e Clara contam longas histórias!
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Espaço dos correspondentes escolares do Programa O POVO Educação 2021. O programa reúne 140 jovens estudantes do ensino fundamental das redes pública e privada de Fortaleza. Os correspondentes participam de oficinas nas quais aprendem a editar jornais, roteirizar podcasts e apresentar programas de rádio, entre outras atividades

Os olhares da Liz e Clara contam longas histórias!

Em uma manhã dessas que o sol vai se espreguiçando lentamente, Liz e Clara, as gêmeas do 608 despertam ao som do apito do trem que passava bem na janela do quarto delas.

Com rapidez, subiram na cadeira e se alegraram com a passagem do trem. Parece até que esse transporte passava lentamente só para dar tempo das meninas espiarem todos os vagões.

O diálogo dos olhares delas deve ser assim:

- Olha aquela menina com um balão azul!

- Olha a outra na janela maior com uma boneca olhando pra gente!

- E aquelas mais crescidas estão lendo livros de histórias!

- Vamos acenar pra elas!

De vez em quando, levo essas doçuras para terapia. Elas usam o cordão do girassol, identificando uma deficiência oculta. Esse cordão é uma chamada para dar mais visibilidade e quem sabe, empatia nesse mundo tão desigual.

Liz e Clara seguem em salas separadas para as atividades na clínica.

Essa semana foi diferente. A Clara não teve nenhuma terapia. Depois que deixei a Liz na sala da fonoaudióloga, fui sentar com a Clara no tapete da recepção. Logo chegou uma linda menina com uma boneca com um paninho como se fosse um lençol.

Clara ficou toda animada e esticou as mãozinhas para tocar na boneca, mas a coleguinha não deixou. Nesse momento, ela lança um olhar pra mim. Esse olhar conta uma história tão longa e de imediato, antes que a tristeza chegasse, eu falo bem suave, que a boneca está dormindo e que tem um paninho igual o dela e da Liz. Lentamente a amiguinha vai ficando mais tranquila e receptiva.

Sem tirar os olhos do meu, Clara faz o sinal de silêncio e dá aquele sorriso todo lindo.

Ouvir essas doçuras falarem com o olhar e elas perceberem que estão sendo entendidas são passos certeiros na caminhada delas, na inclusão do dia a dia.

Eu tiro o chapéu para essas mães e pais atípicos que protagonizam diariamente episódios de superação, amor, dedicação e resiliência.

Essas mães que recebem diariamente olhares de reprovação, preconceito e falta de empatia.

Essa jornada é desafiante e muitas vezes silenciosa e sem plateia.

Foto do O POVO Educação

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