
A história do Ceará e do mundo desde 1928, narrada pelas lentes do acervo de O POVO
A história do Ceará e do mundo desde 1928, narrada pelas lentes do acervo de O POVO
O ex-presidente Juscelino Kubitschéck de Oliveira morreu ontem no quilometro 165 da Via Dutra. quando o Opala em que viajava, dirigido pelo seu motorista particular, Geraldo Ribeiro, chocou-se com uma carreta que vinha em sentido contrário. Os corpos do ex-Presidente e do motorista, que também faleceu, ficaram presos às ferragens, quase que irreconhecíveis.
O corpo de Juscelino está sendo esperado hoje em Brasília, onde será sepultado no Cemitério da Esperança. JK tinha ido a São Paulo visitar um amigo e viajava de regresso ao Rio. Dona Sara ao saber da morte do marido, foi acometida de forte crise nervosa. A notícia da morte de Juscelino repercutiu intensamente em todo País.
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A morte inesperada na Rodovia Presidente Dutra do ex-presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira chocou profundamente a população brasiliense e os próprios jornalistas, acostumados com as situações mais dolorosas se recusavam a aceitar o doloroso fato.
Entretanto, com o correr do tempo as confirmações foram surgindo e a morte do ex-presidente, um dos grandes estadistas da República, foi legalmente reconhecida por peritos da Polícia Rodoviária de Resende, no estado do Rio de Janeiro.
Juscelino tinha ido a São Paulo visitar um amigo e retornava ao Rio de Janeiro viajando no Opala de placa RJMM-9326. Ao volante, seu motorista Geraldo Ribeiro. Na altura do quilômetro 165 da Via Dutra, às 18h55min, o veículo se desgovernou, atravessou a faixa de segurança das duas pistas a toda velocidade, e foi de encontro a uma carreta que vinha em direção a São Paulo. A localidade onde Juscelino faleceu, presas ferragens seu carro, tem o nome de Engenheiro Passos. A morte deve ter sido instantânea, pois o impacto do frágil veículo com a carreta foi tão grande que o pesado veículo tombou na estrada.
A polícia rodoviária chegou ao local poucos minutos após o desastre. Os corpos do ex-Presidente e seu motorista estavam presos nas ferragens, quase irreconhecíveis. Na busca de identificação, duas carteiras foram encontradas. Uma, a primeira, dava o nome do motorista, Geraldo Ribeiro. A outra, Juscelino Kubitschek de Oliveira. A dúvida, o impacto, desnorteou os policiais. Mas a notícia correu e infelizmente, com a chegada mais tarde do perito, a identificação foi completada. Era a triste verdade.
CRISE NERVOSA
Dona Sara Kubitschek foi presa de forte crise nervosa, em sua residência, na Avenida Atlântida, 1022, em Copacabana, no Rio de Janeiro, ao tomar conhecimento da morte trágica de seu marido.
Uma das filhas do Presidente Juscelino, Márcia,, se encontra em Porto Alegre, acompanhando o balé do Rio de Janeiro.
O corpo do ex-presidente Juscelino Kubitschek deixou o necrotério de Resende por volta de meia-noite e, no carro funerário, acompanhado pelo investigador Manoel Dantas, seguiu para o Rio de Janeiro, onde será autopsiado no Instituto Médico Legal. Depois, será removido para Brasília onde será sepultado.
Informações de familiares do ex-presidente Juscelino disseram, na madrugada de hoje, que o sepultamento será em Brasília. Seu corpo está sendo esperado hoje, às 2 horas da tarde. Do aeroporto, seguirá diretamente para o cemitério da Esperança. Também o corpo de seu motorista, de 68 anos de idade, será removido para a capital da República, onde deverá ser sepultado no mesmo dia. Geraldo Ribeiro tinha 68 anos e era motorista de Juscelino desde quando era prefeito em Belo Horizonte.
Uma multidão calculada em 100 mil pessoas levou ontem ao túmulo, no Cemitério da Esperança, em Brasília, o corpo de Juscelino Kubitschek, falecido domingo em desastre na Via Dutra. Era exatamente 23h35 quando o corpo do ex-Presidente foi sepultado ao som do Hino Nacional, cantado por todos os presentes. A multidão, aos gritos, solicitara, momentos antes, que o enterro fosse adiado para hoje, a fim de que todos pudessem prestar a última homenagem ao fundador da Capital Federal. Entretanto, dona Sara convenceu os populares a deixar enterrar o morto. Quando o Presidente da República, Juscelino esteve em Fortaleza, sendo recepcionado pelo então governador Paulo Sarasate. O presidente Geisel decretou luto oficial em todo o País, por três dias.
Onibus teria fechado opala de JK
Rio - Eu me senti bem chateado porque, por sinal, foi um dos presidentes, não tenho vergonha de dizer, foi um dos que mais gostei.
Ladislau Borges, 47 anos, seis filhos, catarinense de Orleans, conta com o seu jeito simples, quase simplório, como teria ocorrido o acidente, mas insiste na versão de que o Opala do ex-Presidente teria sido fechado por um ônibus. "Três passageiros desceram do ônibus e me pediram calma, dizendo que tinham visto tudo e não saíram antes da Rodoviária (patrulha). Mas o motorista buzinou chamando e êles foram obrigados a ir embora".
- Os tres senhores me garantiram que iriam ficar ali para esperar a Rodoviaria (patrulha), para contar tudo. Mas o motorista, que desceu também e veio ver, voltou para o ônibus chamando todo mundo e depois começou a buzinar sem parar. Os passageiros voltaram para o ônibus que partiu correndo.
A versão de Ladislau indica que um ônibus teria abalroado o Opala, que se desgovernou e atravessou o canteiro. No carro, pára-lama traseiro esquerdo, há um afundamento ligeiro e marcas de tinta azul ou cinza claro, que poderiam ter sido feitas pelo ônibus.
Multidão inconsolável no velório
Com a entrada do edifício Manchete obstruída por uma multidão inconsolável, que se espremia, empurrava, chorava numa fila que atingiu o Teatro Glória, o corpo do ex-presidente Juscelino Kubitschek foi velado na manhã de ontem, tendo recebido a visita de inúmeros políticos e personalidades.
Entre seus assessores diretos estavam Nelson de Melo, chefe da Casa Militar de seu Governo, para quem o ex-Presidente foi o pioneiro do progresso no país, e Fernando Nóbrega, Ministro do Trabalho, que considerava o sobretudo "um estadista de visão, preocupado com o futuro do país".
Estiveram presentes ainda o Marechal Cordeiro de Faria, a ex-deputado Ivete Vargas, senadores Amaral Peixoto e Nelson Carneiro, Governador Faria Lima, o Marechal Lott, que afirmou ser "grande perda para o Brasil, possuía qualidade de caráter e bondade, não sabia odiar e pensava no Brasil grande em que todos se entendessem e se amassem, realizou 50 anos em cinco". O ex-governador Carlos Lacerda, que acompanhou o cortejo até o aeroporto de Santos Dumont declarou, "Juscelino era um encarnação de tolerância, respeito à inteligência e capacidade de fazer as coisas. Foi um homem maior que seus erros".
Angústia, tristeza e choro da multidão presente, que tentava aproximar-se do caixão, para consolar Dona Sara e dar o último adeus ao ex-presidente, quase causaram por duas vezes um princípio de tumulto, contido pela polícia.
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