
A história do Ceará e do mundo desde 1928, narrada pelas lentes do acervo de O POVO
A história do Ceará e do mundo desde 1928, narrada pelas lentes do acervo de O POVO
* desde 1928: As notícias reproduzidas nesta seção obedecem à grafia da época em que foram publicadas.
26 de maio de 1989
Moscou - O Congresso soviético elegeu ontem Mikhail Gorbachev para o cargo de Presidente do Soviete Supremo, Chefe do Estado soviético, por 2.123 votos a favor, 87 contra e 11 abstenções. Gorbachev, de 60 anos, era o único candidato. Foi eleito por voto secreto para um período de cinco anos.
Gorbachev ocupava, desde outubro passado, o cargo de Presidente do Presidium do Soviete Supremo, uma função que desaparecerá com a criação de novas instituições resultantes das emendas à Constituição, adotadas no ano passado. A eleição no Congresso foi transmitida ao vivo pela televisão soviética.
Os deputados progressistas que se opuseram nesses últimos dias, sem êxito, à eleição, antes do debate, do novo líder do Soviete Supremo, tentaram fazer com que fossem aprovados seus pontos de vista no plenário do Congresso. Foi o Prêmio Nobel da Paz, Andrei Sakharov, quem subiu à tribuna para defender os argumentos apresentados, com voz muito emocionada.
Sakharov pediu a Gorbachev um balanço dos quatro anos de perestroika, "com seus êxitos e seus fracassos", antes de proceder à sua eleição para um período de cinco anos. "Temos o direito de eleger o Chefe de Estado antes de discutir sobre todo o leque de problemas políticos que determinam o destino de nosso país", disse. "Nós nos comprometemos diante de nosso povo, se agimos de outra maneira", disse o acadêmico, muito aplaudido.
A ordem do dia previa também a eleição, antes de qualquer debate, dos 542 deputados das duas câmaras do Soviete Supremo.
28 de maio de 1989
Moscou - Dezenas de liberais, inclusive o dissidente populista Boris Yeltsin, viram frustrar-se ontem sua pretensão de se tornarem membros do novo e seleto Soviete Supremo, de 542 membros, considerado a mais democrática versão desse órgão parlamentar em 71 anos de regime comunista.
O historiador Yuri Afanasyev condenou imediatamente, em discurso, a votação conservadora dos 2.250 membros do Congresso dos Deputados do Povo, que elegeram o Soviete Supremo selecionando integrantes de suas prórias fileiras. "O Congresso escolheu um Soviete Supremo à maneira de Stalin ou de Leonid Brejnev" - afirmou Afanaseyev, que denunciou em livro os crimes de Stalin, acrescentando que o nível do novo órgão era muito baixo do ponto de vista da competência e qualificação de seus membros.
Os membros do Congresso dos Deputados do Povo votaram durante toda a noite para escolher os 542 membros do Soviete Supremo, um órgão dividido em duas casas que vão reunir-se e debater propostas em períodos de oito meses por ano, quase à semelhança de um parlamento ocidental. O Congresso dos Deputados se reunirá com menos freqüência, mas tem por função rever decisões do Soviete Supremo.
A votação pelo novo Congresso, que se reuniu pela primeira vez na quinta-feira, foi transmitida ao vivo por cadeias de rádio e TV, numa cobertura que as autoridades soviéticas qualificaram de aula de democracia.
Yeltsin e a maioria dos liberais foram derrotados, Yeltsin era um dos 12 delegados que se candidataram às 11 cadeiras destinadas à Federação Russa, e ficou em último lugar, com o maior número de votos negativos 964. Não se informou de imediato quantos deputados votaram nele, nem se houve abstenções.
"É um insulto aos moscovitas", disse um funcionário de escritório de Moscou sobre e exclusão de Yeltsin, tido como o favorito pelo povo.
Yeltsin, 58, foi afastado da chefia do PC na área de Moscou e da condição de candidato a membro do Politiburgo em outubro de 1987.
30 de maio de 1989
Moscou - O Parlamento soviético, que no sábado negou uma cadeira ao dissidente comunista Boris Yeltsin, lhe concedendo uma vaga no Soviete Supremo depois que um professor siberiano renunciou ontem a seu favor. O Congresso dos Deputados do Povo, seguindo a orientação do presidente Mikhail Gorbachev, permitiu que Alexei Kazannik renunciasse e cedesse sua cadeira a Yeltsin, que obteve a maior quantidade de votos populares dos candidatos às eleições parlamentares em março.
Mediante manobra processual, ex-lider do Partido Comunisata em Moscou e fogoso candidato populista tinha ficado em 12º lugar em uma lista de 12 candidatos a ocupar as 11 cadeiras designadas à Federação Russa para integrar o Soviete das Nacionalidades, um das duas câmaras do Soviete Supremo, máximo órgão legislativo permanente do País.
Por isso, Yeltsin tinha ficado fora da eleição, apesar de ter recebido mais de 50 por cento dos votos de seus colegas parlamentares. "Pelo camarada Yeltsin ter recebido maioria de votos, pode ocupar a cadeira vaga", disse Gorbachev no Congresso depois da retirada de Kazannik. "Naturalmente, isto não requer nova votação".
Somente alguns deputados se propuseram à proposta de que Yeltsin ocupasse a vaga, que foi feita pelo delegado Victor Palm.
1º de junho de 1989
Moscou - O dissidente do Partido Comunista da URSS, Boris Yeltsin, disse ontem que estava alarmado com o crescente poder do presidente Mikhail Borbachev e propôs que a liderança do líder soviético fosse posta à prova num voto de confiança anual pelo povo.
Ao proferir seu primeiro discurso no novo Congresso dos Deputados do Povo desde que foi eleito para a legislatura numa dramática "*rentrée", Yeltsin declarou: "O Congresso, a Constituição e o partido atuais concederam ao Chefe do Estado um poder extraordinario". "Isso pode criar a tentação de resolver todos os problemas por métodos de coerção, fazendo-nos cair, antes de nos darmos conta, sob o controle de um novo regime autoritário", disse Yeltsin na sessão inaugural do Congresso.
Em seu discurso, mostrado pela televisão em cadeia nacional, Yeltsin se disse 'alarmado com o crescimento do poder e a influência pessoal do Chefe de Estado, enquanto as condições econômicas se deterioravam e as diferenças entre as nacionalidades se tornavam mais acentuadas. Para frear essa tendência, Yeltsin propos que se estabelecesse por lei a realização de um referendo anual sobre a confiança da população no Chefe do Estado.
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