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Morre ex-presidente Itamar
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Morre ex-presidente Itamar

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Osenador e ex-presidente Itamar Franco, 81, morreu ontem no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, onde estava internado desde o dia 21 de maio, quando foi diagnosticado com leucemia. Itamar se licenciou do Senado poucos dias depois para realizar o tratamento contra a doença e, segundo os médicos, vinha respondendo bem às sessões de quimioterapia.

No dia 27 de junho, porém, boletim médico mostrou que o senador havia contraído uma pneumonia grave e foi transferido para a UTI (Unidade de Tratamento Intensiva) do hospital. A leucemia havia sido detectada após o ex-presidente realizar exames devido a forte gripe.

O ex-presidente, que governou o país de 1992 a 1994, após a renúncia de Fernando Collor de Mello, completou 81 anos no último dia 28 de junho. Itamar também governou o Estado de Minas Gerais entre 1999 e 2003 e foi eleito senador no ano passado, com 5.125.455 votos.

Engenheiro, Itamar Augusto Cautiero Franco nasceu em 28 de junho de 1930 a bordo de um navio. Ele foi registrado em Salvador (BA). Sua carreira política teve início no MDB (Movimento Democrático Brasileiro), legenda pela qual foi eleito prefeito de Juiz de Fora em duas gestões, entre 1967 e 1971 e entre 1973 e 1974.

Também representando o MDB, Itamar chegou a Brasília para seu primeiro mandato como senador em 1974. Ele se reelegeu em 1982, já como militante do PMDB. Quatro anos depois, migrou para o PL, após divergências com o diretório mineiro do PMDB. Ele chegou a concorrer ao governo de Minas, mas perdeu a disputa para a antiga legenda.

Em 1989, durante as primeiras eleições diretas para presidente depois da ditadura militar, Itamar foi eleito vice-presidente do Brasil pelo PRN, na chapa de Fernando Collor de Melo. Collor recebeu 20 milhões de votos no primeiro turno e 35 milhões no segundo turno, contra o petista Luiz Inácio Lula da Silva.

Dono de um temperamento marcado pela defesa das causas nacionalistas, explosões de humor e espontaneidade, Itamar Franco assumiu o comando do Executivo em 1992, com a renúncia do então presidente Fernando Collor de Mello. Durante sua gestão, foi implantado o Plano Real, cujo conjunto de medidas garantiu a estabilidade econômica e o controle da inflação no país.

Na equipe de governo de Itamar Franco estava o senador Fernando Henrique Cardoso, que assumiu, em momentos distintos, os ministério da Fazenda e das Relações Exteriores. Ao lançar-se candidato à eleição presidencial, Fernando Henrique ganhou o apoio de Itamar para a disputa. No governo Fernando Henrique, romperam politicamente. Itamar Franco chegou a pensar em voltar à Presidência, mas preferiu concorrer ao governo de Minas Gerais.

Dilma confirma participação em velório

A presidente da República, Dilma Rousseff telefonou na manhã de ontem, logo após ser informada da morte do ex-presidente, para o ex-ministro Henrique Hargreaves para lamentar a morte do presidente Itamar Franco.

No telefonema a Hargreaves, amigo de Itamar, Dilma Roussef colocou um avião da FAB à disposição de amigos e parentes do presidente e disponibilizou o Palácio do Planalto para o velório. Segundo Hargreaves, o corpo de Itamar deve ser velado em Juiz de Fora e de lá será transferido para Belo Horizonte, onde será cremado.

A assessoria de imprensa do ex-presidente da República e senador Itamar Franco, confirmou a presença da presidente Dilma Rousseff no velório em Belo Horizonte, amanhã, que ocorrerá após velório em Juiz de Fora.

De acordo com a assessoria, o cerimonial do Palácio do Planalto assumiu a organização do velório, que terá honras de chefe de Estado. O corpo de Itamar será levado para o crematório de Contagem amanhã, no final da tarde, onde haverá uma cerimônia íntima para parentes e amigos do ex-presidente.

O governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), disse que recebeu com "grande tristeza" a notícia do falecimento do ex-presidente e classificou a morte como "uma perda irreparável" para o Estado.

Cearenses no governo Itamar Franco

governo Itamar Franco (PPS-MG), senador que faleceu ontem, foi espaço para representação do Ceará na direção da política econômica do Governo Federal. Dois ex-governadores cearenses ocuparam espaços estratégicos: Ciro Gomes (à época PSDB, hoje PSB) e Beni Veras (PSDB), chefiaram os ministérios da Fazenda e do Planejamento, pilares da política econômica brasileira. Ambos trabalharam paralelamente, de meados de 1993 até o final de 1994. Ciro assumiu o Ministério da Fazenda em 1993 substituindo Fernando Henrique Cardoso, que saira para se candidatar, exatamete, à sucessão de Itamar.

Assim como Ciro e Veras, hoje deputado federal pelo Ceará Mauro Benevides (PMDB) também conviveu com o político mineiro. Durante o conturbado processo que resultou no impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Melo (ex-PRN, hoje PTB), Mauro presidia o Senado Federal, posto que continuou ocupando durante o mandato de Itamar.

Foi o ex-presidente, inclusive, que, em viagem ao exterior, possibilitou a Mauro ocupar interinamente a presidência da República por pouco mais de três dias, em 1992.

No Ceará, a informação sobre o falecimento de Itamar foi recebida com pesar pela classe política. "Eu o visitei três vezes enquanto estava internado, mas foi por telefone. Infelizmente, não consegui encontrá-lo pessoalmente. Considero uma grande perda para a vida pública brasileira", disse Mauro, emocionado, em conversa com O POVO na tarde de ontem. "Sempre mantivemos, eu e ele, um vínculo muito próximo", destacou.

4 de julho

Morte de Itamar Franco deixa mais pobre cenário da política - Editorial

A morte do ex-presidente da República Itamar Franco pegou o Brasil de surpresa e deixou a política nacional meio que órfã de grandes quadros. O infausto acontece justo no momento em que o cenário nacional carece de formuladores de peso nas altas casas legislativas de Brasília. Por isso mesmo, havia a esperança de que com a volta de Itamar Franco ao Senado como representante do estado de Minas Gerais, o debate de alto nível ganhasse aliado importante, em contraponto as discussões nem tão republicanas que se tem visto nos últimos anos naquela instituição. Infelizmente, o destino não permitiu ao país esse período de aperfeiçoamento democrático. Itamar era daqueles políticos que pregavam a coerência como norte. Em vista dessa característica, não foram poucas as desavenças.

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