
A história do Ceará e do mundo desde 1928, narrada pelas lentes do acervo de O POVO
A história do Ceará e do mundo desde 1928, narrada pelas lentes do acervo de O POVO
* desde 1928: As notícias reproduzidas nesta seção obedecem à grafia da época em que foram publicadas.
15 de julho de 2004
Um ônibus da banda de forró Líbanos caiu dentro do rio Dois Rios na Estrada do Algodão, no distrito de Mineirolândia, município de Pedra Branca, a 305 quilômetros de Fortaleza, ontem de madrugada, por volta das 4h15min, matando cinco componentes do grupo e deixando nove feridos. No local do acidente foram encontrados os corpos de Ivando Antônio Marcelino Teixeira, o "Cobra D'água" (tecladista), Cícero Caetano Ribeiro, o "Cicinho" (sanfoneiro), Lucivan Feitosa Costa (percussão) e Francisco Ribeiro Lima, o "Brazué" (iluminador). No hospital São Sebastião, em Pedra Branca, morreu Roberto Wagner Teixeira, que era iluminador. Dos nove feridos, oito foram socorridos para o Instituto Doutor José Frota (IJF) e um para o hospital de Iguatu.
Os 14 componentes da banda de forró vinham de Iguatu para Fortaleza. A proprietária da banda Marinês Belizário Silva disse ao O POVO no hospital de Pedra Branca, onde os feridos receberam os primeiros socorros médicos, que o grupo deveria se apresentar no final de semana na Capital. "No momento não sei informar quais seriam as casas onde deveriam se realizar os shows", contou Marinês, bastante chocada do que ela chamou de "tragédia". No hospital também esteve o seu irmão Joacy Silva. Antes ele estivera no local do acidente, onde acompanhou de perto o trabalho do Corpo de Bombeiros comandada pelo capitão Valdyvano, deslocada da cidade de Iguatu, na remoção de instrumentos musicais dos destroços do ônibus.
O ônibus, que era dirigido pelo motorista Francisco Soares Ferro, saiu de Iguatu por volta de 1h30min. Ferro contou no local do acidente, instantes antes de ser socorrido para o hospital de Pedra Branca, juntamente com os outros feridos, que perdeu o controle de direção do veículo ao tentar se desviar de três jumentos que atravessavam a pista de rolamento, a 50 metros aproximadamente da ponte sobre o Dois Rios. Desgovernado, o ônibus se chocou contra a varanda da ponte e em seguida caiu cerca de 15 metros no leito do rio sobre pedras em meio a uma pequena correnteza. O acidente ocorreu a menos de um quilômetro de Mineirôlandia. O agricultor Adauto Cavalcante, 65, morador na área, foi a primeira pessoa a chegar ao local. "Vi logo os mortos", contou.
A versão do motorista do ônibus, que perdeu o controle de direção ao tentar se desviar de animais, foi questionada no local do acidente por algumas pessoas. O caminhoneiro Francisco Souza residente em Mineirolândia disse que um rapaz de nome Argeu passava de bicicleta no momento em que ocorria o acidente e não viu jumentos atravessando a pista. Souza, a exemplo de outras pessoas que não quiseram se identificar, acredita que o motorista teria cochilado. O acidente ainda está sendo apurado pela Delegacia de Polícia de Pedra Branca. "Nada de oficial temos ainda sobre a causa do acidente", disseram policiais. O laudo do exame pericial será concluído no prazo de 15 dias. (Colaboraram Verônica Freire, Luís Henrique Campos e Ana Mary C. Cavalcante)
Uma multidão correu ao local do acidente. Muitas pessoas foram flagradas saqueando do ônibus objetos de uso pessoal das vítimas, além de CDs da banda e peças do veículo sinistrado, inclusive câmeras de ar de reservas. Os saques, segundo disseram algumas pessoas, que não quiseram se identificar, começaram depois que policiais militares do destacamento de Pedra Branca deixaram o local. Em conseqüência do acidente Ônibus ficou totalmente destruído no seu interior, fato que levou muitas a entrarem no veículo. Até o final da tarde, o ônibus ainda permanecia no leito do rio Dois Rios. Um guincho estava sendo aguardado da cidade de Iguatu para removê-lo.
O capitão Valdyaño, da guarnição do Corpo de Bombeiros de Iguatu, disse que conseguiu remover do ônibus vários instrumentos da banda, entre eles teclados, sanfona, guitarra, além de CDs, roupas e outros objetos de uso pessoal das vítimas. O oficial contou que chegou ao local do acidente pouco depois das 10 horas. Ele contou que veio com a sua equipe apenas para resguardar o patrimônio da banda. Quantos aos saques não soube informar. (LP)
16 de julho de 2004
O ônibus da banda Líbanos, que caiu dentro do Dois Rios, na Estrada do Algodão, no distrito de Minerolândia, município de Pedra Branca, na madrugada da última quarta-feira, matando cinco componentes do grupo e deixando nove feridos, não estaria sendo dirigido pelo motorista Francisco Soares Ferro, que saiu lesionado. O veículo, segundo apurou a Polícia de Pedra Branca, estaria sendo guiado pelo percussionista da banda, Lucivan Feitosa Costa, um dos cinco mortos no acidente. O inquérito sobre o caso já foi instaurado na Delegacia Regional de Polícia de Senador Pompeu.
17 de julho de 2004
Aumentou para seis o número de mortos por causa do acidente com a banda Líbanos. O baterista Raimundo Nonato de Sousa Oliveira, 37, não resistiu aos ferimentos e morreu, ontem no início da tarde, no Instituto Dr. José Frota (IJF-Centro). Ele teve traumatismo craniano, trauma na face e no tórax, além de fratura na bacia. "O paciente apresentou quadro de dispnéia súbita e sinais de choque. Posteriormente houve parada cárdio-respiratória que não reverteu apesar das medidas adotadas", diz o boletim médico do IJF. A família resolveu doar as duas córneas do baterista.
A morte do baterista surpreendeu parentes e amigos que acreditavam que o quadro clínico de Nonato estava melhorando. "Ele estava conversando com a irmã (Fátima Sousa) quando morreu. Todo mundo estava feliz porque ele tava melhorando", conta a amiga, Raquel Síria. Ela acompanhava uma prima e a irmã do baterista que, abaladas, preferiram não falar mais sobre o assunto.
20 de julho de 2004
O motorista do ônibus da banda Líbanos, Francisco Soares Costa Ferro, de 29 anos, foi encontrado quase no final do veículo, preso entre as ferragens. Disseram em depoimento, ontem pela manhã, na Delegacia Regional de Polícia de Senador Pompeu, os soldados PM, Francisco Chagas André e José Maria Vieira, que juntamente com o cabo Cruz, todos do destacamento de Minerolândia e três agricultores foram as primeiras pessoas a chegar ao local do acidente.
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