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Confiantes no fim da guerra
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A história do Ceará e do mundo desde 1928, narrada pelas lentes do acervo de O POVO

Confiantes no fim da guerra

Há 80 anos, no dia 6 de agosto de 1945 os Estados Unidos lançaram a bomba atômica sobre a cidade de Hiroshima. No dia 9 de agosto lançaram outra sobre a cidade de Nagasaki
80 anos do ataque da bomba atômica nas cidades de Hiroshima e Nagasaki
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Foto: O POVO É HISTÓRIA 80 anos do ataque da bomba atômica nas cidades de Hiroshima e Nagasaki

* desde 1928: As notícias reproduzidas nesta seção obedecem à grafia da época em que foram publicadas.

Londres - A confiança em que o fim da guerra com o Japão está bem próximo e as súplicas ao Altissimo para que não haja um futuro tão terrivel a ponto de se utilizar a nova arma aniquiladora - “as bombas-atômicas” - contra a civilização, são os assuntos mais destacados da imprensa britanica pela manhã de hoje.

Grandes Bombardeios

Ilha de Guam, 7 - 125 super-fortalezas-voadoras atacaram o arsenal naval de Toyokama, na ilha de Honshu, a principal do arquipelago japonês. O arsenal fica justamente a sudeste da grande cidade de Nagoya, praticamente já destruida pelos bombardeiros aliados. O ataque foi feito com pesadissimas bombas explosivas, ao meio-dia de hoje, hora japonesa, tendo sido os bombardeiros escoltados por caças que partiram da base de Iwo-Jima.

Receio

Londres - A “bomba-atomica” vem forçar a revisão de todos os planos estratégicos das conferências de Teheran, Yalta e Potsdam, segundo se proclama nos circulos autorizados desta capital. Todas as concepções da segurança, baseadas em fronteiras militares e politicas, desaparecem agora com o “bomba-atomica”. Nem mais sequer a posse dos Dardanelos ou do canal de Suez poderá dar esse sentido de segurança. O mundo será dominado pelos paises que puderem usar e fabricar a “bomba-atomica”.

Essa impressão é manifestada pelos proprios circulos militares ingleses. Um tecnico militar, falando a Reuters, declara: “As fronteiras estrategicas desaparecem com a nova descoberta da “bomba-atomica”. E para garantir a paz do mundo, da qual se precisa, deve-se estabelecer desde já o controle das fábricas dessas bombas e das granadas atômicas.

Admite-se que o segredo dessa bomba venha a ser partilhado com outra potencia, alem das diretamente ligadas com a atual produção da descoberta. E essa potência será do grupo dos “big”, porque só as nações ricas e poderosas poderão tomar a si as pesquisas, fabricação e sobretudo o custo da produção da nova arma. Acredita-se que dentro de pouco tempo começarão as consultas entre os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e a União Soviética para serem estabelecidos os metodos para o controle, a manufatura e uso da “bomba-atomica”. Diz-se tambem que ha dois problemas que poderão ser apresentados á decisão das três grandes potencias.

1.º) - Todas as decisões estratégicas anteriores poderão ser consideradas obsoletas;

2.º) - A necessidade de uma organização poderosissima que torne impossivel qualquer conflito futuro, visto como a segurança do mundo terá que ficar na dependencia da nova descoberta.


A bomba atômica é o maior e mais devastador invento do seculo

Londres - Os jornais locais, em suas edições de hoje, dão grande destaque á recente descoberta da “bomba atômica”, dizendo ser ela a maior invenção do século; que o “mundo mudou da noite para o dia”; que a “bomba atômica” será de incalculavel significação na luta contra o Japão; que os dias dessa nação estão contados; e que a vitória dos aliados no Oriente está mais perto do que se supõe.
A imprensa londrina mostra-se pródiga em advertências quanto aos efeitos da “bomba atômica” sobre a civilização, a qual pode destruir tão completamente quanto o dilúvio. É tal o poder desse invento que com duas “bombas atômicas” apenas poderiam os alemães ter aniquilado toda a cidade de Londres, se tivessem descoberto o segredo primeiro do que os aliados.

Os jornais exprimem a convicção de que o segredo da “bomba atômica” será, no devido tempo, dado ao conhecimento do público, pois uma descoberta dessa magnitude não pode permanecer como propriedade exclusiva de alguns individuos ou de algumas nações. A reação que tal noticia produziu no espirito popular reflete-se, de forma geral, através de um sentimento de medo e despeito, com visivel alivio e satisfação, ao mesmo tempo, considerando-se que a “bomba atômica” é manejada pelos nossos aliados e não pelos nossos inimigos. Entretanto, todo o sentimento de satisfação a esse respeito é anuviado por temores pelas consequências futuras do novo engenho de destruição.

A composição

Washington - O sr. Henry Stimson, secretário de Estado para o Departamento da Guerra, disse que a “bomba atômica” é uma grande e invulgar combinação de esforços industriais e militares, talvez a maior de toda a História da Civilização. Disse mais que a referida bomba, na sua confecção, teve a ajuda de técnicos britânicos, canadenses e que experiências convincentes foram realizadas naqueles paises.

O Uranio é o principal elemento na composição da referida bomba, a qual tambem leva uma porcentagem de radium.

Disse mais Stimson que já estão sendo tomadas todas as providências para que o suprimento desses materiais não sofra solução de continuidade. Referindo-se ao estabelecimento de comitês destinados a pesquisar os resultados do novo engenho bélico. Stimson disse que os referidos comitês também terão ao seu encargo estabelecer quais as possibilidades que a “bomba atômica” terá para o futuro, quando certamente possuirá um maior raio de ação.

Ficou claro que esta descoberta de guerra irá ser aplicada pela primeira vez contra o Japão, dentro de pouco tempo.

Stimson disse mais que grande número de cientistas norte-americanos foram mobilizado para realizar pesquisas cientificas que tenham aplicação bélica.
A “bomba atômica” era já objeto de investigação na Grã-Bretanha, desde quando irrompeu a guerra. Contudo, as investigações eram mantidas no mais absoluto sigilo, trocando os cientistas britânicos e Ianques opiniões sobre o assunto constantemente. Em 1943, um avultado numero de cientistas britânicos foi transferido para os Estados Unidos, a fim de prosseguir em suas pesquisas ao lado dos seus colegas norte-americanos.

 

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