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45 anos do início da guerra irã e Iraque
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A história do Ceará e do mundo desde 1928, narrada pelas lentes do acervo de O POVO

45 anos do início da guerra irã e Iraque

* desde 1928: As notícias reproduzidas

nesta seção obedecem à grafia da

época em que foram publicadas.

Irã e Iraque combatem numa frente de 160 km

Violentos combates envolvendo tanques, artilharia e mísseis estendiam-se ontem do Canal de Shatt al-Arab, disputado pelo Irã e o Iraque, até à linha divisória entre os dois países, num total de 160 quilômetros. Sabe-se que uma mensagem do Presidente da Organização de Libertação da Palestina (OLP), Yasser Arafat, foi entregue em Bagdá ao Presidente do Iraque, Saddam Hussein. O conteúdo não foi revelado, mas acredita-se que se trata de uma oferta de mediação da OLP, que vem mantendo boas relações com os dois países. A Rádio de Teera, captada pela BBC de Londres, disse que os combates se estenderam ao longo dos 160 quilômetros, do Canal de Shatt al-Arab, desde sua embocadura no Golfo Persa, até o porto iraniano de Khorramshahr e junto à fronteira na Província do Khuzistão. CANHONEIRAS Um porta-voz militar de Bagdá disse que as forças do Iraque destruíram cinco canhoneiras iranianas no porto de Khorramshar, no Irã. A agência de notícias do Kuwait, citando porta-vozes militares iranianos, indicou que Teerã admitiu ter sofrido "grandes baixas" nos combates por mar e terra contra os iraquianos. Pelo menos uma canhoneira iraniana foi destruída e um navio comercial foi gravemente danificado durante os combates ao longo do canal, entre Khorramshahr e o Golfo Persa. Os principais comandantes militares iranianos tiveram ontem uma reunião de seis horas com o presidente Abolhassam Bani-Sadr e o primeiro-ministro Mohammad Ali Rajai para discutirem o conflito fronteiriço, segundo informou a Rádio de Teera, sem revelar maiores detalhes da reunião. Bani-Sadr deu ordens para que fossem mobilizadas as reservas do Irã, devido à situação na fronteira. "A luta propagou-se ao terminal de Khorramshar e ao aeroporto de Abadan" - afirmou a Rádio de Teerã. Todos os voos comerciais do aeroporto foram desviados para Ahvaz, acrescentou a emissora, sem esclarecer se os combates haviam atingido o enorme complexo petroquímico iraniano de Abadan, nas margens do canal. O comunicado afirma que artilharia, tanques mísseis e "outros equipamentos pesados" estavam sendo empregados na luta.

BANDEIRA

O Iraque, por outro lado, anunciou em comunicado oficial que está controlando totalmente o Shatt al Arab, a única saída do País para o Golfo Persa, e que comunicou aos outros países nue os navios me passarem pelo canal deverão obedecer às leis de Bagdá, seja qual for o seu destino segundo anunciou a agência de notícias do Iraque. A bandeira do Iraque deve ser erguida quando os navios. entrarem no canal, segundo informou a agência, acrescentando que o Ministério das Relações Exteriores de Bagdá disse que "se for necessário, usará a força contra os navios desobedientes" A luta, que começou no ano passado, pouco depois da ascensão ao poder do aiatolá Ruhollah Khomeini, reiniciou na semana passada com o cancelamento, pelo Presidente do Iraque, de um tratado assinado em 1975 durante o governo do xá Mohammed Reza Pahlevi, que dava ao Irã acesso ao Shatt al-Arab.

23 de setembro de 1980

Iraque bombardeia alvos em pleno centro do Irã

Aviões iraquianos bombardearam ontem alvos militares em pleno centro do território iraniano, pela segunda vez em menos de 12 horas, atacando sete bases e estações de radar. A agência de notícias do Iraque informou que seis jatos iranianos foram abatidos durante a missão, em que os jatos iraquianos avançaram milhares de quilômetros dentro do País para atacar cinco bases militares e duas estações de detecção por radar, situadas em Deh Lorane e Naft-e-Shah. A segunda incursão ocorreu apenas algumas horas depois que o Irã, em represália por uma missão semelhante contra nove aeroportos inclusive o internacional de Teerã, decretou o bloqueio dos portos iraquianos, declarou as suas águas costeiras como "zonas de guerra" e efetuou bombardeios aéreos contra duas bases da Força Aérea do Iraque. O presidente Abolhassan Bani-Sadr acusou os Estados Unidos de inspirarem os dois ataques iraquianos e o aiatolá Ruhollah Khomeini prometeu dar uma lição ao País vizinho. "Ficou claro que o Iraque está obedecendo ao Governo dos Estados Unidos, na tentativa de prejudicar a revolução iraniana e criar novos problemas para ela", afirmou Bani-Sadr ". O colonialismo internacional, encabeçado pelos Estados Unidos agressores, organizou tentativas fúteis contra o Irã, através do Governo baathista mercenário do Iraque. O Presidente antecipou a vitória do Irã "dentro de poucos dias".

Ao fim do dia, informações contraditórias procedentes dos dois países indicavam que pelo menos. 244 iraquianos foram mortos, 33 iranianos receberam ferimentos ou foram capturados, um marinheiro japonês, quatro lanchas equipadas com mísseis, do Iraque, foram afundadas, havia 17 aviões iraquianos abatidos e cinco aviões ou helicópteros iranianos perdidos. Ao anoitecer, decretou-se um blackout total em todo o Irã, tropas eram despachadas dos quartéis e repetiam-se os apelos aos jovens engajados do País", para que entrassem para as Forças Armadas Os dois países em conflito fecharam o respectivos espaços aéreos para o tráfego comercial. O último e mais violento combate entre os vizinhos em conflito começou de manhã, quando o Irã bombardeou quatro navios estrangeiros que portavam a bandeira iraquiana, na estratégica passagem marítima de Shatt-a-Arab. Na semana passada, o Iraque revogou o tratado assinado em 1975 com o Irã a respeito desta região disputada e anunciou que os navios que por lá passassem deveriam hastear a bandeira iraniana.

23 de setembro de 1980

A paz em perigo (EDITORIAL)

Por uma ironia da História, a paz mundial enfrenta agora uma grave ameaça não por causa das contradições entre israelitas e árabes mas das que existem e evoluem perigosamente entre os próprios árabes. Mas se o conflito entre iranianos e iraquianos contém esse laivo de ironia não constitui verdadeiramente uma surpresa. É fato que os governantes do Irã vêm cultivando insistentemente a irresponsabilidade nas relações internacionais e isto nunca poderia contribuir para a estabilidade dessas relações. O episódio ainda insolvido dos reféns norte-americanos, o radicalismo nacionalista nas negociações sobre o preço, do petróleo e outros atos em que a prudência tem sido desafiada comprovam esse comportamento não raro chocante das regras da diplomacia mundial. Se ele levou a rompimentos com nações mais distantes seria difícil esperar que não tivesse reflexos no relacionamento com nações vizinhas, mesmo ligadas por laços de interesse material, raciais e religiosos. A verdade é que o quadro político vem-se deteriorando em todo o Médio Oriente, onde esforços enormes têm sido feitos pelos Estados Unidos para evitar novos conflitos com Israel, mas onde persistem perigos que agora parecem maiores nos próprios acampamentos árabes.

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