Logo O POVO+
A PALAVRA DE OSVALDO ARANHA SOBRE A PARTILHA DA PALESTINA
Comentar
Foto de O POVO é História
clique para exibir bio do colunista

A história do Ceará e do mundo desde 1928, narrada pelas lentes do acervo de O POVO

A PALAVRA DE OSVALDO ARANHA SOBRE A PARTILHA DA PALESTINA

"Seria uma grande contradição rejeitar-se a decisão da maioria e ao mesmo tempo exigir um resultado para o veto dos cinco membros permanentes. Ambos os sistemas são necessários e devem funcionar concatenados para melhoria da nossa organização"
Comentar

* desde 1928: As notícias reproduzidas

nesta seção obedecem à grafia da

época em que foram publicadas.

Falando aqui sobre a partilha da Palestina, o presidente da Assembleia Geral da ONU, sr. Osvaldo Aranha, declarou: "A decisão da Assembleia será registrada como uma contribuição memorável à solução pacífica e construtiva dos problemas mundiais".

Os debates tiveram o mérito de uma aberta exposição dos problemas do mundo e salientaram-se pela franqueza de vistas e abordamento intrépido das realidades com referência ao boicote dos votos da maioria sobre o caso grego e coreano e o comité provisório da Assembleia por parte dos russos, disse o sr. Aranha: "Seria uma grande contradição rejeitar-se a decisão da maioria e ao mesmo tempo exigir um resultado para o veto dos cinco membros permanentes. Ambos os sistemas são necessários e devem funcionar concatenados para melhoria da nossa organização". Sobre o resultado da Conferência dos Ministros do Exterior, em Londres, assim se pronunciou o político brasileiro: "Nosso futuro não pode ficar à mercê dos desentendimentos da Humanidade não se sujeita nem ao tempo nem a fronteiras. A guerra, porém, pode ser banida como instrumento para se alcançar tal objetivo. Tal é o que se espera da reunião dos Ministros do Exterior e também é isso que consiste a missão da ONU.

O ministro do Exterior, o sr. Raul Fernandes, enviou o seguinte telegrama ao embaixador Osvaldo Aranha: Apresento a V. Excia as minhas felicitações pelo brilho e tacto com que, enaltecendo o nosso país, presidiu à Assembleia das Nações Unidas. Ao agradecer a V. Excia por mais este serviço a nação, tomei conhecimento, com profunda satisfação, das homenagens que lhe renderam os delegados no encerramento dos trabalhos".

JUDEUS AGRADECIDOS

Em virtude da situação do Brasil, na ONU, sobre a partilha da Palestina, o presidente da Federação das Sociedades Israelitas do Rio de Janeiro, enviou ao embaixador Oswaldo Aranha um telegrama expressando a gratidão da comunidade israelita, nos seguintes termos: "Essa memorável contribuição para a solução pacífica e construtiva dos problemas mundiais assegurará, ainda mais, a V. Excia. e ao Brasil, um lugar honroso na História Universal e, além disso, perpetuar o seu nome e o do seu país nos corações de todos os judeus que sempre os considera com grande admiração. como estritamente ligados à árdua tarefa de luta pela direito, justiça e progresso da humanidade".

Retornará sábado

O embaixador Osvaldo Aranha embarcará amanhã, às 23:15 horas, no aeródromo de La Guardia, em Nova Iorque, com destino a esta capital, devendo chegar aqui às 17:15 horas de sábado.

ASPECTOS DO MOVIMENTO SIONISTA

Falando sobre a notícia da deflagração da guerra santa, anunciada pelos árabes como protesto contra a resolução da O.N.U., estabelecendo a divisão da Palestina para a criação de um Estado Judaico, o sr. Jacob Sneider, presidente da Federação Sionista Unificada do Brasil, disse: "Não nos assusta a atitude dos arabes, desde que temos a garantia assegurada da O.N.U. Se formos atacados, teremos que nos defender, embora os nossos desejos sejam de paz e concórdia. Há dois mil anos aguardávamos a nossa independência para voltarmos à nossa antiga terra que era a de Israel. Durante todo esse tempo, as gerações judaicas exprimiram a sua vontade de voltar à terra pátria. Há cinquenta anos, o dr. Hertzel, destacado jornalista vienense, iniciou o movimento sionista, que pregava pela volta dos judeus ao lar. Em 1987 foi realizado o Primeiro Congresso Sionista, em Baciles, na Suiça, sendo elaborado o programa politico sionista. Em 1917, cerca de 800 mil judeus imigraram para a Palestina. Temos ali universidades, indústrias e centros de trabalho. Lutaremos, pois, para assegurar o nosso direito.

GOVERNO BRITÂNICO FARÁ O QUE PUDER PARA MANTER A ORDEM NA TERRA SANTA

Os sangrentos acontecimentos que atualmente se desenrolam na Palestina causaram viva emoção em Londres. O Colonial Office declarou que o governo britânico, enquanto não tiver entregue o seu mandato às Nações Unidas, fará o que puder para manter a ordem na terra santa. Diante da gravidade da situação o gabinete britanico reunir-se-á esta semana a fim de examinar, em conjunto, o problema palestino, tal como se apresenta após a decisão da ONU em favor da divisão. Os incidentes destes últimos dias tiveram como efeito reforçar os argumentos dos que na Inglaterra julgaram que este país não tem o direito de se desinteressar pela questão da Palestina. Todavia, nada permite supor, por enquanto, que o governo inglês tenciona modificar a política. Ainda ontem, declarava-se no Foreign Office que todas as tropas britânicas deixariam aquele país no dia 8 de agosto de 1945. Os meios militares londrinos dão a entender que, por motivos econômicos, seria impossível terminar a evacuação dos soldados e das instalações militares na Palestina até a citada data.

CONTRA A DIVISÃO

A imprensa egípcia revela-se contra a divisão da Palestina, mas nada indica que o governo esteja disposto a participar, de forma efetiva, nas projetadas operações conjuntas árabes contra a Palestina judaica. O jornal Egito escreve: "Os Estados árabes não cão fortes militarmente mas todos se acham a caminho de se armarem suficientemente e em quatro ou cinco anos poderão ameaçar gravemente o Estado sionista, se este ficar entregue as suas próprias forças. Enquanto isso, os árabes podem fazer durante anos e anos agitações na Palestina, mediante guerrilhas, sabotagens, incêndios de poços petrolíferos, para impedir o funcionamento dos oleodutos. São esses meios já inscritos no seu plano de defesa".

Foto do O POVO é História

Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?