
Sacerdote jesuita, mestre em Teologia, diretor do Mosteiro dos Jesuítas e fundador do movimento Amare
Sacerdote jesuita, mestre em Teologia, diretor do Mosteiro dos Jesuítas e fundador do movimento Amare
Junho costuma ser lembrado pelas festas populares, suas cores, suas quadrilhas e sabores típicos que alegram o povo. Mas para nós, católicos, este mês tem uma beleza ainda mais profunda e silenciosa: ele é tradicionalmente dedicado ao Sagrado Coração de Jesus. E contemplar esse Coração é entrar no mistério mais íntimo de Deus, onde habitam a misericórdia, a compaixão e o amor sem medidas.
A devoção ao Sagrado Coração não é apenas uma prática antiga, nascida de revelações ou de imagens piedosas. É, antes de tudo, um caminho de encontro. Um encontro com o Coração de Cristo, que bate por cada um de nós com intensidade, paciência e ternura. Como jesuíta, formado à luz dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola, aprendi que conhecer Jesus é permitir-se ser tocado por esse amor que vem de dentro, que brota do Seu Coração aberto, transpassado na cruz, mas sempre vivo.
Esse Coração nos revela um Deus próximo, humano, que sofre conosco e por nós. Um Deus que não é indiferente à nossa dor. Quando olhamos para o Coração de Jesus, vemos ali um amor que não desiste, que não acusa, que não impõe condições. É um amor que se entrega, que acolhe e que transforma.
Vivemos tempos em que os corações se tornaram duros, apressados, feridos. Tempos em que a compaixão parece fraqueza e o silêncio virou escassez. Mas o Coração de Jesus continua sendo um convite à mansidão, à humildade, à escuta. Como Ele mesmo diz no Evangelho: Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração (Mt 11,29). Essa mansidão não é passividade, mas firmeza amorosa. Essa humildade não é fraqueza, mas liberdade de quem serve por amor.
No Sagrado Coração, encontramos a fonte da verdadeira consolação. Não aquela que mascara a dor, mas a que nos dá forças para enfrentá-la. Quantas vezes, em minha caminhada de fé, me vi diante Dele com mãos vazias, coração cansado, e encontrei abrigo. Porque esse Coração acolhe o pecador, o cansado, o perdido, o que caiu no caminho. E não apenas acolhe Ele caminha conosco.
Junho é, então, tempo de graça, tempo para escutarmos a batida desse Coração que pulsa incessantemente por nós. É um convite a nos deixar amar, curar, transformar. A fazer do nosso coração uma extensão do Coração de Jesus: mais compassivo, mais atento, mais entregue. O mundo não precisa de corações perfeitos, mas de corações disponíveis, capazes de amar como Ele ama.
O Sagrado Coração de Jesus continua aberto. Aberto por amor. E esperando que também abramos o nosso.
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