
Sacerdote jesuita, mestre em Teologia, diretor do Mosteiro dos Jesuítas e fundador do movimento Amare
Sacerdote jesuita, mestre em Teologia, diretor do Mosteiro dos Jesuítas e fundador do movimento Amare
Setembro, para a Igreja no Brasil, é celebrado como o mês da Bíblia, tempo fecundo em que somos convidados a voltar o coração para a Palavra de Deus, que não é letra morta, mas sopro de vida, chama que ilumina nossos passos e sustenta nossa fé.
A Bíblia é muito mais do que um livro antigo: é espaço de encontro, lugar onde o próprio Cristo se revela, nos chama pelo nome e nos convida à intimidade com Ele. “A Palavra se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). Cada vez que abrimos as Escrituras, é o Senhor quem atravessa o silêncio e fala diretamente ao coração.
Recordo o método de Santo Inácio de Loyola, que nos ensina a contemplar o Evangelho com todos os sentidos. A Palavra não deve ser apenas lida, mas saboreada; não apenas estudada, mas rezada. Ao entrar nas cenas bíblicas, deixamos de ser espectadores para nos tornarmos participantes da história da salvação, experimentando a proximidade de Cristo que nos guia, consola e transforma.
Neste ano, a Igreja nos convida a mergulhar na Carta aos Romanos, com o lema: “A esperança não decepciona” (Rm 5,5). São Paulo escreve a uma comunidade desafiada pela perseguição e pela incerteza, mas proclama que a esperança cristã não é simples otimismo humano. Ela nasce do Espírito Santo, derramado em nossos corações, que sustenta quando tudo parece desmoronar.
Essa esperança não engana, porque se fundamenta na fidelidade de Deus, capaz de transformar o sofrimento em vida nova. Celebrar o mês da Bíblia, porém, não é apenas recordar palavras inspiradas: é comprometer-se a vivê-las. Jesus afirma: “Felizes os que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática” (Lc 11,28). A Escritura se torna fecunda quando se traduz em atitudes concretas: perdoar, reconciliar-se, acolher, lutar por justiça, consolar os que sofrem.
Assim, a Palavra ganha carne em nossa vida e continua a encarnar-se no mundo. Que este setembro nos encontre com a Bíblia nas mãos, oração nos lábios e disponibilidade no coração. Que aprendamos a escutar, na simplicidade das páginas sagradas, a voz de Deus que guia nossos passos. Pois, como nos recorda o salmista: “Lâmpada para os meus pés é a tua Palavra e luz para o meu caminho” (Sl 119,105).
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