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Como então dizer quem fala, ora a Vossas Senhorias?
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Médica hematologista, escritora, cordelista e professora de medicina. Primeira mulher a presidir a Academia Brasileira de Literatura de Cordel, destaca-se por unir cultura popular e ciência, levando o cordel às universidades, às práticas integrativas em saúde e à divulgação científica. Milita por uma ciência mais humana e torna o cordel uma ferramenta de insurgência afetiva e epistemológica

Paola Tôrres ciência e saúde

Como então dizer quem fala, ora a Vossas Senhorias?

Nesta coluna, quero falar da saúde que começa muito antes da doença. Do cuidado que aprendemos com as nossas mães e avós e se confirma na universidade. Da ciência que não teme a arte, e da arte que dá forma à esperança
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A médica e cordelista, Paola Tôrres (Foto: Divulgação/Instagram/paolatorresmedicacordelista)
Foto: Divulgação/Instagram/paolatorresmedicacordelista A médica e cordelista, Paola Tôrres

Meu nome é Paola Tôrres
Sou médica e cordelista
Professora e rabequeira
Vim aqui ser colunista
Exerço a Hematologia
Com ciência e poesia
Essa é minha conquista

O POVO me convidou
E aqui cheguei contente
Para me comunicar
Pois coisa que adoro é gente
Medicina Integrativa
Que é saudável e criativa
Vem plantar uma semente

Saúde é bem precioso
Não se compra, não se vende
O melhor investimento
Pouca gente compreende
É andar com pé no chão
Ter sossego e proteção
Que é o bem que mais se estende.

Cuidar é verbo de raiz funda. Não nasceu nos tratados de medicina, mas nos quintais. Entre chás, rezas e conselhos, o cuidado sempre foi o jeito mais humano de estar junto — e a ciência, quando é honesta, aprende com isso.

A medicina que pratico é feita de encontros. Entre o que se mede e o que se sente. Na precisão do exame e a presteza do olhar. No resultado do laboratório onde a poesia da fisiologia da vida se manifesta e desafia a nossa lógica.

Aprendi que não existe cura sem vínculo, nem diagnóstico que substitua o cuidado efetivo e comprometido. “Integrar para cuidar” é o que me move: unir o que a pressa separou. Corpo e mente, razão e emoção, saber técnico e sabedoria popular.

É ver que a acupuntura e o antibiótico, a fé e a ciência, o SUS e o privado, o sertão e a cidade, todos cabem em um embornal chamado humanidade.

A Medicina Integrativa não rejeita o remédio — apenas devolve ao remédio o seu contexto: o ser humano que o toma na integralidade do cuidado.

Nesta coluna, quero falar da saúde que começa muito antes da doença. Do cuidado que aprendemos com as nossas mães e avós e se confirma na universidade. Da ciência que não teme a arte, e da arte que dá forma à esperança.

De uma clínica que também é casa e ponto de encontro para conversas, um bom café, com música e poesias. Aqui, você vai encontrar não só informações, mas conversas.

Conversas sobre o que nos adoece e o que nos alivia: o trabalho, o tempo, os silêncios, o amor, as perdas, os rituais.

Porque saúde, antes de ser resultado, é caminhada e treinamento para adquirir sabedoria para atravessar a doença, o envelhecimento e a finitude Que esta coluna seja, pois, um espaço de escuta e de travessia.

Um lugar onde o médico reaprende a ser humano, e o leitor reconhece no espelho da palavra o seu próprio corpo e a singularidade que cada um carrega em si. Integrar é cuidar. E cuidar — em tempos tão fragmentados — é um ato de resistência.

Foto do Paola Tôrres

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