
Formada em medicina pela Universidade Federal do Ceará (UFC), residência médica em Psiquiatria pela Universidade de São Paulo (USP), Título de Especialista em Psiquiatria pela Associação Brasileira de Psiquiatria
Formada em medicina pela Universidade Federal do Ceará (UFC), residência médica em Psiquiatria pela Universidade de São Paulo (USP), Título de Especialista em Psiquiatria pela Associação Brasileira de Psiquiatria
Uma reta é a menor distância entre dois pontos, mas eu prefiro as curvas. Elas são lindas! "Quem sabe, por acaso, numa delas eu me lembre do meu mundo?"
Voltava de Icapuí em direção a Fortaleza. O sol estava se pondo, o céu em tons de laranja, com aquela cor deslumbrante do entardecer. Fui surpreendida por uma revoada.
Lá estavam eles, num voo coordenado, em perfeita sincronia. Um verdadeiro balé no alto do céu. Sozinha no carro, ouvindo Amy Winehouse, senti uma alegria tão genuína que, naquele momento, não desejava dar carona a ninguém. A visão dos pássaros foi efêmera, mas a sensação daquele voo permaneceu comigo durante todo o percurso. Fortaleza era o meu destino; a estrada, apesar das curvas, levaria-me de volta à minha cidade. Comecei a pensar nas curvas como uma metáfora dos caminhos possíveis: múltiplos e sinuosos, como os cursos dos rios que, mesmo tortuosos, sempre encontram seu mar. E ali, ao volante, divagando em meus pensamentos, senti-me livre como um pássaro.
Lembrei-me de que uma revoada é um voo de retorno: os pássaros regressam ao lugar de onde partiram, como se houvesse uma memória registrada no céu. Quando eu era pequena, ao voltarmos da praia do Pacheco, meu avô Hugo se curvava com a delicadeza de quem sabia conversar com uma criança e, sorrindo, dizia: "De volta à Padre Antônio Tomás." Eu não fazia a menor ideia do que aquilo significava, não entendia que era o nome da avenida em que moravam, mas compreendia que ele estava feliz por voltar para casa.
Os percursos possíveis são inúmeros. No entanto, eu prefiro as curvas dos caminhos - onde corro o risco de me perder, mas ganho a chance extraordinária de me encontrar - às retas. De que vale um trajeto mais rápido, se não me permite enxergar quem eu sou? Que possamos aproveitar cada passo da jornada, independentemente do destino, e que sempre tenhamos um porto seguro ao qual retornar, se desejarmos.
E, afinal, qual é o nosso destino? Não sabemos. O futuro de cada um de nós é incerto, por vezes imprevisível. Mas, como diz Guimarães Rosa: "O que tem de ser tem muita força, tem uma força enorme."
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