
Doutor em Sociologia pela Universidade de Paris I. Professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e coordenador do Núcleo de Cidadania, Exclusão e Processos de Mudança (Nucem – UFPE)
Doutor em Sociologia pela Universidade de Paris I. Professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e coordenador do Núcleo de Cidadania, Exclusão e Processos de Mudança (Nucem – UFPE)
O termo desdemocratização ganha relevo no debate acadêmico ao apontar para processos de corrosão da política: enfraquecimento da participação cidadão e aumento da desigualdade social na base da pirâmide, por um lado, e avanço do corporativismo, do mercantilismo e do aumento da concentração de renda no topo da pirâmide do poder nacional, por outro lado. A desdemocratização tem relação com a natureza do neoliberalismo como padrão de poder que não tolera a participação social.
A onda da desdemocratização atinge o modelo típico da democracia que são os Estados Unidos. Ela se espalha nos estados nacionais centrais e periféricos, fazendo brotar o medo de retorno de regimes de exceção. As reações contra a participação popular são forjadas por forças conservadoras que buscam manter o monopólio da mídia e dos mecanismos de apropriação e distribuição de recursos produtivos.
A novidade trágica é que o avanço do neoliberalismo como modelo de vida cultural estimula a violência nas esferas primárias da vida pública como as ruas das cidades e os estádios de futebol. Logo, as experiências coletivas do bem comum ficam fragilizadas. Em paralelo, as instituições estatais e públicas são progressivamente invadidas por esta lógica privatista, gerando fragmentação das solidariedades institucionais e perda de motivação pela participação política.
A descrença na democracia "possível" dificulta os movimentos sociais e enfraquece os esforços de germinação da vida associativa. O mandonismo e o clientelismo se espalham desde o poder central até o poder local. Há forças agindo para inviabilizar a governabilidade e a democracia. O "Centrão" avança na privatização do orçamento público pelas emendas parlamentares, naturalizando a ilegalidade.
Os grandes empresários se jogam como abutres na apropriação financeira e especulativa da riqueza nacional. O excesso de acordos obscuros gerou esta situação anômala. O governo parecer ter perdido de vista a meta do desenvolvimento com autonomia, aceitando administrar o assistencialismo público aos mais pobres. Este clima lembra o contexto de Crônica de uma morte anunciada de G.G. Marques.
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