
Paulo Sérgio Bessa Linhares é um antropólogo, doutor em sociologia, jornalista e professor cearense
Paulo Sérgio Bessa Linhares é um antropólogo, doutor em sociologia, jornalista e professor cearense
Ele tem 30 anos. A mesma idade da novela que atua como protagonista. Nasceu em Salgueiro (PE) mas foi criado em Parnamirim, situado no sertão central de Pernambuco, um município de vasto território, com população rala e muito pobre.
Aos dez anos a família veio para Fortaleza. O seu pai é cearense e sua mãe pernambucana. Foram viver no bairro de São Gerardo. Família de classe média, menino recluso, até o teatro entrar na sua vida. Fez curso superior de teatro no Instituto Federal de Educação (IFCE) para ter "uma vida lazer".
É o segundo cearense/pernambucano a assumir um papel de protagonista numa novela das nove na Globo. O outro, José Wilker, fez o caminho inverso, nasceu no Cariri onde viveu até a adolescência e teve formação cultural em Recife.
Jesuita Barbosa tem o astral atualizado do ator francês Jean-Pierre Léaud, alter ego do genial diretor François Truffaut em" Os incompreendidos". Ele não tem muitas certezas e se questiona nas idas e vindas do seu discurso que é caleidoscópico e desvenda um repertório intelectual surpreendente para um garoto tão novo. Quando fala de Arthur Aguiar (do BBB) e Bolsonaro, por exemplo, ele bate duro.'Eles representam um Brasil que vai desaparecer ", sintetiza.
Enfim, a Globo acertou, tem uma trilha em Pantanal que parece com o que Jesuíta pensa e faz, a música "Comentário a respeito de John" de seu conterrâneo Belchior: "Saia do meu caminho/ eu preciso andar sozinho/ deixem que eu decida minha vida". É a cara dele. Está tudo resumido nesses versos.
Veja, a seguir, trechos da entrevista que ele concedeu. Assista a entrevista completa no O POVO
Jesuíta Barbosa: Rapaz, eu acho que minha infância foi a melhor de todas. Eu nasci em Salgueiro na verdade porque a gente saiu pra Mainha me ter, me parir, mas eu sou de Parnamirim que é uma cidade menor ainda, então, é esse lugar assim de quase isolamento, nesse sentido assim de ser quase isolamento do sertão. Uma cidade de vinte mil habitantes assim, não é um povoado, é um município grande, talvez um dos maiores municípios de Pernambuco em área total, mas ainda assim, uma cidade muito pequena, então eu acho que cresci muito livre por causa disso, por ser um lugar muito possível de habitar, que é muito diferente hoje em dia né, com essa vinda do povo rural para cidade.
Jesuíta Barbosa: Eu fiz teatro desde a 5ª série no colégio, era como um trunfo, tipo, só podia fazer teatro se eu tirasse nota boa, então tinha uma confusão pra mim ainda do que era aquilo sabe, eu não conseguia entender que fazer arte era uma possibilidade de também poder trabalhar, sentir prazer trabalhando era algo possível, então eu acho que demorou esse tempo até eu ir para o terceiro ano e aí começar a fazer princípios básicos e fazer cursos e tal e aí decidir fazer faculdade. Demorou um tempo pra entender que era possível trabalhar com isso, e acho que ainda hoje é difícil entender.
Jesuíta Barbosa: Eu acho que o meu trabalho, essa coisa da superexposição, estou fazendo um trabalho que é visado, que é visto por milhares de pessoas e tal, mas é um trabalho que ao mesmo tempo falo com o bairro que nasci, eu falo com a parte periférica de Fortaleza que eu participei, com a minha família lá em Pernambuco também, acho que tem um reencontro no que eu posso fazer, no que eu posso doar também, no que eu sei, da minha memória e das coisas que quero defender também.
Jesuíta Barbosa: Tem uma atualização do Bruno assim, o neto do Benedito Ruy Barbosa pegou o texto do avô para, de alguma forma, modificar isso. Não foi uma tarefa muito fácil pra ele não, o texto além de todos esses emblemas, tem um distrato assim, no sentido machista da coisa, tem esses temas principais, mas eu acho que o texto em si, às vezes ele surpreende a gente. Eu me sinto imbuído também de poder pegar o texto e dizer vou falar desse jeito aqui, então todo dia estou aqui escrevendo assim também, com essa liberdade que o Bruno dá pra gente pra fazer, ele sabe que é uma necessidade.
Jesuíta Barbosa: Eu acho que a gente ainda tá traduzindo isso, BBB traduz muito isso, o Arthur por exemplo virou um cara queridíssimo, assim, por todo mundo, eu sempre fico me questionando porque as pessoas gostam tanto desse rapaz? Quer dizer, não tenho nada contra a pessoa dele, mas assim, essa persona que virou o Arthur, de um cara que fala muito bem, que sabe jogar muito bem , mas na verdade é um homem branco, com todo o trejeito de um macho, nesse sentido de um macho alfa, que fala de um jeito competitivo, que parece que fez um curso de marketing, de defesa pessoal, cara é muito óbvio, porque estão torcendo por esse rapaz? Eu acho que traduz o que a gente é hoje, infelizmente essa rebarba, esse fantasma desse governo que acabou um tempo, esse sistema que já rompeu, esse sistema econômico que eu digo, essa coisa mata a política, a gente fica numa repetição, infelizmente a questão racial ainda impera.
Restaurantes da Cidade começaram a recuperar o fôlego e surgiram algumas novidades: Casa Fontana (Bento Albuquerque 1976), Mar de Lima (Frei Mansueto,1130) e Asttore (Oito de Setembro,146) são algumas delas. Fui ao Asttore cheio de esperança, pois ele fica literalmente na porta da minha casa, na Varjota. Saí um tanto um tanto decepcionado.
A primeira coisa que tento decifrar num restaurante é o conceito. O que ele pensa que é e o que vai entregar.
Pedi um tagliatelle gorgonzola com isca de filé. Sabia que não podia dar certo.
A massa e as iscas (que quase sempre são um erro) formam uma maçaroca terrível depois da primeira garfada. Aliás, o uso do gorgonzola nos filetes sem cuidado é uma dessas modas cearenses que parece que veio para ficar.
Cai num salão envidraçado. Não tive opção. A casa anda lotada. Nunca vi tanto barulho na minha vida, parecia intervalo de um show de cantor sertanejo, na estética e nos maus modos. As mesas disputavam para ver quem gritava mais alto.
Eu sei que é uma grande batalha montar um restaurante como o Asttore em Fortaleza. Mas a boa crítica gastronômica pode ajudar a melhorar o insípido panorama de restauração da cidade.
Uma polêmica, no mínimo curiosa, surgiu na web cearense essa semana. Alguns Xóvens que frequentam Lions, na Praça dos Leões, descobriram que tem um museu bem ali na esquina. É o Museu do Ceará. Muita gente malhando os miseráveis como um judas - era semana santa. Genteeeee, como diria uma influencer, muitos desses coitados caíram na vida adulta e viveram anos com este Museu fechado. Como iriam saber que um dia lá existia um Museu? Coitado também do Adolfo Herbster, arquiteto e urbanista que criou o prédio e também o traçado, os bulevares Dom Manuel, Imperador e Duque de Caxias, a famosa haussmanização de Fortaleza, libertando um pouco a cidade do plano xadrez do Centro. O outrora famoso Palacete Senador Alencar, chamado assim em homenagem ao pai do escritor, grande senador do segundo Império, se transformou numa referência mais desconhecida do que um animado boteco da esquina da moçada descolada.
Contam que uma noite numa recepção naquela sua bela Casa da Monsenhor Catão, recheada por uma das mais sofisticas coleções de obras de arte do Brasil, o chanceler Airton Queiroz foi abordado por um novo rico desses hoje adeptos da bozolândia e deu-se o seguinte diálogo.
Novo rico: - Airton, Quanto valem esses quadros que você tem aqui na parede desta casa?
Airton, com sua proverbial falta de paciência para a estultice, era uma homem refinado, estudou na Suíça, respondeu:
- Meu caro, só nesta parede à esquerda em que você está encostado, tem dinheiro investido que daria para comprar todas as suas empresas.
Se non é vero, è ben trovato, como diriam os compatriotas do sommo poeta Dante Alighieri.
Uma fonte do Palácio Abolição narrou um bate-boca em tons inusuais entre um secretário todo poderoso herdado pela governadora e um cientista do comitê de combate à pandemia. O incauto secretário duvidava da tese do cientista, um ilustre epidemiologista, por não entender patavina de lógica proposicional.
A governadora esperou a conversa amainar e deu ganho de causa para o cientista. E la nave va.
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