Crítico de Cinema desde 2005 e membro da Associação Cearense de Críticos de Cinema. Publica no Youtube em canal próprio e no O POVO+, sempre sobre cinema, TV e Cultura Pop
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Mais uma vez, não é sobre o final. É sobre o caminho e o rastro de pensamentos sobre Filosofia e Física que o roteiro deixa ao longo das três temporadas para os espectadores degustarem com calma. Podemos, novamente, usar a série para embasar vários paradoxos complexos e perguntas sem resposta tratadas pela humanidade.
A temporada final da série "Dark" se enquadra no mesmo molde das anteriores. Cinco episódios para complicar e o restante para descomplicar (ou não). Só que dessa vez os diálogos são mais diretos, talvez um certo receio de cair no problema de não conseguir atar todos os nós. Diminui a elegância, mas aumenta a eficácia.
A força do elenco chama atenção novamente. Como se não bastasse o trânsito gigante de atores e atrizes nas últimas temporadas, foram adicionados novos. A escolha de tirar o protagonismo que havia sido estabelecido para Martha e Jonas, distribuindo-o entre vários personagens, prova-se acertada quando o texto volta para o protagonismo de origem e esse ainda se demonstra firme como antes.
Auxiliando a nos situar em espaço, realidade e tempo, os elementos técnicos dão um passeio: tem paleta de cores específicas para cada realidade, tem zoom chicote da câmera emulando um teletransporte, são tantas cicatrizes, tanto ir vir, tantos figurinos, tantos personagens para os mesmos atores e também para diferentes atores (!), que a confusão poderia eliminar o interesse dos menos atentos. Porém, diante de tanta explicação visual e textual, com uma buscada de olho em alguns desses elementos, facilmente a atenção é captada de volta.
"Dark", ao fim da sua terceira temporada, que também marca o fim da série como um todo, entra para uma prateleira de difícil acesso: a prateleira de séries audaciosas, com desenrolar mais audacioso ainda e resultado coeso. Conte quantas conseguiram fazer isso. Poucas. "Dark" está lá.
Efeito Doppler
O tema da série se utiliza de “Efeito Doppler” para causar certa estranheza. Esse é o mesmo efeito das sirenes de carros de polícia e ambulância. Quanto mais perto, mais agudo o som, quanto mais longe, mais grave. Esse efeito ajudou, e ainda ajuda, o estudo da distância entre os astros no espaço. Inclusive, na série existe a família Doppler, uma homenagem ao físico austríaco que descreveu teoricamente o Efeito Doppler.
Escritor e inventor
H.G. Wells é um dos maiores escritores de ficção-científica. Seu primeiro livro, de 1895, chama-se "A Máquina do Tempo", e por isso é tido como um dos pais do sci-fi. Ele também escreveu os clássicos "O Homem Invisível", "A Guerra dos Mundos", "A Ilha do Dr. Moreau", dentre outros. Não é por acaso que a abreviação inicial do nome do Tannhaus é H.G. também. Na série ele inventou a máquina do tempo e também escreveu um livro sobre viagem no tempo.
O quadro de Adam
Adam, um dos personagens que aparece na segunda temporada, costuma aparecer observando um quadro. Essa obra chama-se “A Queda dos Condenados”, concebida por Peter Paul Rubens. Trata-se de uma obra barroca, que apresenta muitos contrastes, muita dicotomia e sofrimento. O bem e o mau andam juntos nesse quadro. Assim como vários assuntos discutidos em “Dark”, principalmente na terceira temporada. A obra hoje encontra-se na Alemanha, na Pinacoteca de Munique. País de origem da série.
O Paradoxo de Bootstrap
Um dos paradoxos mais curiosos e confusos que “Dark” trabalha é o Paradoxo de Bootstrap. Explicando rapidamente. Imagine que você é fã de Einstein e descobre a viagem no tempo. Você resolve então viajar no tempo e entregar os manuais para Einstein conseguir escrever sobre a Teoria da Relatividade antes de ter escrito. Você só viajou no tempo por que gostava de Einstein, assim como ele só definiu a Teoria da Relatividade por sua causa. Afinal, onde foi “inventada” essa teoria? No passado ou no presente? Esse paradoxo é usado na primeira temporada, aprimorado na segunda temporada e desconstruído na terceira temporada. Podemos dizer que é a base para entender o caos da viagem no tempo em "Dark".
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