Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
Leio na Folha de S. Paulo (em reportagem do jornalista Igor Gielow, 19/6/2020) que os generais do governo começaram a discutir a possibilidade de criar um “ministério de notáveis” no governo. A ideia seria para manter o pescoço do presidente Jair Bolsonaro fora do pântano em que ele está atolado, situação agravada com a prisão de Fabrício Queiroz, o antigo faz-tudo da família.
Tentada sem sucesso nos estertores do governo Collor, a brilhante ideia tem um pequeno obstáculo: o próprio presidente. Os homens fardados ainda não tiveram coragem de apresentá-la ao chefe.
Ministério de notáveis Devem estar em uma profunda disputada para escolher quem vai pôr o guizo no pescoço do gato. Por isso, talvez, tenham vazado a proposta da imprensa, de modo a sentir qual será a reação de Bolsonaro. De qualquer modo, podem apostar, a ideia não prospera. Ou morre no nascedouro, ou Bolsonaro a mata a cacetadas.
De um “ministério de notáveis” - se é que há algum disposto a entrar em uma barca furada - espera-se que pense, tenha opinião e certa dignidade. Porém, Bolsonaro exigem obediência absoluta - e isso somente se consegue de áulicos ou gente desqualificada. Característica, aliás que normalmente convivem na mesma pessoa.
Governo bifronte A possibilidade de um governo bifronte - uma ala “ideológica” e outra “técnica” foi sonho de uma noite de verão de “liberais” e de generais com ambição de poder político. Estes tinham a fantasia de conter as atitudes mais extravagantes de Bolsonaro. De certos liberais não se pode esperar muita coisas: para eles tanto faz se democracia ou ditadura, desde que implementem suas ideias regressivas. Dos generais, a hipocrisia, pois conheciam bem o “mau militar”, a cujo governo se subordinaram, emprestando a credibilidade das Forças Armadas.
Labirinto Agora os generais se veem no labirinto. Não podem (ou não querem) abandonar o governo, ao mesmo tempo se veem na perspectiva de naufragarem abraçados à família Bolsonaro e a Fabrício Queiroz, com suas perigosas companhias, em um governo que afunda.
Mas, homens de ombros estrelados, ainda está em tempo. Tentem uma atitude digna como a de seu colega, o general Mark Milley, chefe do Estado Maior Conjunto, principal autoridade militar dos Estados Unidos. Ele pediu desculpas ao povo americano por participar de um ato político junto com o presidente Donald Trump. Milley reconheceu o erro, reafirmando que as Forças Armadas têm de se manter apolíticas.
Equívoco Vocês podiam fazer o mesmo, admitir o equívoco de apoiar o governo Bolsonaro, e voltar para os quartéis. Caiam fora, ainda dá tempo.
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