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República de Curitiba descobre somente agora que Bolsonaro quer acabar com a Lava Jato
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

República de Curitiba descobre somente agora que Bolsonaro quer acabar com a Lava Jato

Ingenuidade e má-fé. Essas são as duas vertentes que explicam o voto em Jair Bolsonaro nas eleições de 2018. Agora, há arrependidos nos dois lados

Costumo dizer que há basicamente dois tipos de eleitores que votaram em Jair Bolsonaro nas eleições de 2018. Os ingênuos e os de má-fé, que contribuíram para elegê-lo sabendo quem era a peça. Nos dois grupos existem hoje “arrependidos”. Quanto aos primeiros é razoável aceitar de boa-fé a contrição, mas os de má-fé estão apenas tentando limpar uma nódoa indelével em seus currículos, buscando saltar da canoa furada. Esses merecem o grito: “Vada a bordo, cazzo”.

Ingênuos
Entre os ingênuos incluo parte dos revoltados (em certa medida com razão) pelo fato de integrantes do Partido dos Trabalhadores terem se metido com a corrupção, deixando também que corresse solta sob seu governo. Supor que Lula não tenha se envolvido diretamente com a corrupção na Petrobras - e que foi condenado injustamente no caso do triplex do Guarujá -, por exemplo, é uma coisa. Defender que um político sagaz como ele desconhecia completamente acontecimentos sob suas barbas é outra, completamente diferente. Nessa métrica é possível até justificar o voto dos ingênuos, crentes da lábia bolsonariana.

Má-fé
De má-fé agiram aqueles que estão deixando de apoiar o governo sob a desculpa “traição” de Bolsonaro às suas promessas de campanha. Entre eles, antigos correligionários, organizações como o Movimento Brasil Livre (MBL) e Vem pra Rua e alguns liberais trânsfugas. A esses não se pode chamar de ingênuos, pois são políticos experientes, apesar de boa parte deles se apresentarem como outsiders.

Capitão
Ora, como uma pessoa, minimamente inteligente poderia acreditar no papo furado de um capitão, que saiu escorraçado do Exército? Depois, virou deputado do baixo clero, especialista em fazer declarações racistas, homofóbicas e misóginas - e a defender ditaduras? Sua mais frequente atividade como deputado era participar de programas desqualificados de TV, nos quais podia expressar suas bizarrices para animar auditórios e dar audiência a apresentadores.

A “velha política”
Viveu por quase trinta anos às custas do Estado, repetindo todos os vícios da “velha política”. Acomodou a família na mesma carreira - e todos enriqueceram. Qual cidadão pensante (excluindo os ingênuos) haveria de crer que um camarada dessa estirpe poderia solucionar os problemas do País?

Liberais
Incluo também na categoria “má-fé” os “liberais”, que diziam apoiar apenas a “ala técnica” do governo, especialmente a Economia, capitaneada por Paulo Guedes, o funcionário dos banqueiros. Porém, para esses liberais de fancaria, não importa o tipo de governo, desde que possam implementar o seu programa falido. Pode ser mesmo uma ditadura ou uma democracia, dirigida por um candidato a ditador.

Lava Jato
Pois bem, um novo agrupamento se junta agora aos “arrependidos” de má-fé. Na revista Época (2/8/2020), Guilherme Amado Amado escreveu: “Os procuradores da Lava Jato em Curitiba, que votaram em Jair Bolsonaro em 2018, acreditando que o PT desmontaria a engrenagem de combate à corrupção, têm afirmado privadamente que se arrependeram do voto. Consideram que Bolsonaro está trabalhando deliberadamente para matar não só a Lava Jato, mas todas as condições que permitiram seu surgimento”.

Mas meninos, vocês tão espertos, tão sabidos, foram descobrir somente agora que foram tapeados, que Bolsonaro é um enganador?

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