Questionado na sabatina O POVO/CBN sobre ser um defensor do meio ambiente e seu partido, o Patriota, estar na base do presidente Jair Bolsonaro - que promove desmonte dos órgãos ambientais, incentiva a invasão de terras indígenas e passa a mão na cabeça de madeireiros e mineiros - o candidato a prefeito de Fortaleza, Samuel Braga saiu-se com esta:

“Todos me conhecem pela história da luta ambientalista em Fortaleza, e anos depois consegui fundar o Partido Ecológico Nacional, o PEN. Em 2017 Bolsonaro tinha a intenção de vir para o PEN, mas não sei por quais razões ele enveredou por outro caminho e foi para o PSL. O PEN virou Patritora e tornou-se um partido de centro, não de direita ou de exterma direita como as algumas pessoas pensavam. Partido de centro defende a família tradicional, os princípios cristãos, pela vida e contra o aborto. O Samuel Braga (referindo-se a ele mesmo em terceira pessoa), por empunhar a bandeira em defesa da ecologia e do meio ambiente, ao mudar de partido, não mudou as suas convicções. Então se temos o propósito de implantar uma Fortaleza sustentável, acho que o partido não será impedimento e tudo depende da ‘vontade política’ do gestor”.

Contorcionismo
É difícil compreender tanto contorcionismo verbal, mas se entendi bem, Samuel não vê nenhum problema em seu partido apoiar Bolsonaro, um serial killer do meio ambiente, quando a defesa desse tema é a sua principal bandeira. A não ser que ele veja Fortaleza como uma ilha, que poderá ser salva por ele (em terceira pessoa e com “vontade política”) enquanto a floresta amazônica e o pantanal ardem em chamas, e o ministro Ricardo Salles vai passando o trator nos órgãos ambientais.

Resposta padrão
Quanto à obtenção de recursos para os vários projetos que apresentou, a resposta foi a mesma de qualquer candidato: “Dá para fazer muito coisa, desde que os recursos sejam bem aplicados”. Normalmente, depois que assumem, a resposta também é a mesma: “Não sabia que a situação era tão ruim”. Samuel disse ainda que o atual prefeito, Roberto Cláudio (PDT), fez várias obras desnecessárias. Instado a citar quais, lembrou-se apenas de uma, as mudanças que estão sendo feitas na avenida Desembargador Moreira, contra a qual haveria uma “queixa geral da população de Fortaleza".

Coleta seletiva
Sobre um de seus principais projetos para a cidade, a coleta seletiva de lixo, se não me falha a memória, foi a então prefeita Maria Luiza, a primeira a falar no assunto, na longínqua década de 1980 do século passado, e lá se vão mais de trinta anos de repetição da promessa. Quem sabe Samuel Braga consiga, finalmente pô-la em prática. Para isso, teria que, pelo menos sair do 0% de intenção de voto na sua candidatura, segundo a mais recente pesquisa Datafolha.

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