Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
Para infelicidade geral - e risco de todos os brasileiros - o debate sobre a vacina para combater a Cobid-19 politizou-se inapelavelmente, com a impulsão do presidente da República.
Nessa iniciativa macabra, Jair Bolsonaro disse ter obtido “mais uma” vitória sobre o governador de São Paulo, João Doria. Ele escreveu essa estupidez no Facebook, comemorando o fato de a Anvisa ter suspendido o estudo clínico da vacina Coronavac, devido a um “evento adverso grave”. Depois confirmou-se que a ocorrência fora o suicídio de um voluntário, sem relação com a vacina.
Outra rejeição governamental aos imunizantes foi revelada depois que os laboratórios Pfizer e Biontech anunciaram que a vacina BNT162b2 - em análise na última etapa - tem taxa de eficácia superior a 90%. Porém, por descaso do governo, o Brasil não receberá o imunizante.
Por duas vezes o laboratório procurou autoridades brasileiras, sem obter retorno. À revista Veja, o diretor da Pfizer no Brasil, Carlos Murilo, disse ter feito “várias reuniões” com integrantes do governo, incluindo os Ministérios da Saúde e da Economia. A Pfizer se propôs a fornecer uma quantidade de doses que permitiria vacinar “milhões de brasileiros”. “Mas nunca recebemos resposta formal do governo brasileiro, nem pelo sim nem pelo não”, disse o diretor.
O laboratório insistiu. Após ter vencido o prazo de resposta, o CEO global da Pfizer mandou uma carta ao presidente Jair Bolsonaro e ao ministro da Saúde, retomando a proposta e enfatizando a importância de a companhia trabalhar com o Brasil. “Tampouco recebemos resposta”, disse Murilo.
O governo pode alegar que está negociando com outros laboratórios. Mas por que nem se deu ao trabalho de responder à proposta da Pfizer?
O fato inescapável é que há descaso evidente com relação à pandemia, incluindo o persistente trabalho presidencial para sabotar qualquer medida de prevenção, inclusive a vacina. Agora, ficamos assim: provocou-se atraso na pesquisa da Coronavac e estamos sem a vacina da Pfizer.
Como classificar um governo que põe seus interesses políticos acima da vida dos brasileiros, sob a desculpa de que todos um dia vão morrer, e insulta a todos com palavras injuriosas?
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