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Milícias digitais - Barroso vê ação de grupos extremistas nos ataques à Justiça Eleitoral
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Milícias digitais - Barroso vê ação de grupos extremistas nos ataques à Justiça Eleitoral

Quem lançou a moda, nos países democráticos, de contestar a lisura do processo eleitoral foi o atual (logo será defenestrado) presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Quando enfrentou Hillary Clinton, quatro anos atrás - além das mentiras em quantidades industriais contra a candidata -, Trump dizia que o único resultado aceitável seria a sua vitória; se perdesse, seria fraude. Agora, como se vê, ele repete a “narrativa” e talvez precise ser retirado à força da Casa Branca.

Servilismo
No Brasil, seu caudatário mais servil, Jair Bolsonaro, repetiu a ladainha durante a campanha de 2018, que o levou à Presidência da República. Mas esses tipos são maus perdedores e maus vencedores. Bolsonaro continuou insistindo na tese de fraude, pois, segundo grita seu ego, teria vencido a eleição no primeiro turno.

Nos Estados Unidos
Quando Bolsonaro vai aos Estados Unidos, ele costuma ficar assanhado e suas mentiras aumentam de proporção. No dia 9/11/2019, em visita à comunidade brasileira em Miami, disse o seguinte:

Eu acredito que, pelas provas que tenho em minhas mãos, que vou mostrar brevemente, eu tinha sido, eu fui eleito no primeiro turno, mas no meu entender teve fraude. E nós temos não apenas palavra, nós temos comprovado, brevemente eu quero mostrar.

Lá se vão mais de nove meses e até agora, nada. Porque nada ele tem, além da saliva.

Ataques
Nestas eleições para prefeito e vereadores, depois da peia que levou Brasil afora, Bolsonaro voltou a pôr em dúvida a correção e a honestidade da Justiça Eleitoral. Seus ataques dirigem-se, principalmente, ao uso de urnas eletrônicas para a coleta de votos.

Nós temos que ter um sistema de apuração que não deixa dúvidas. É só isso. Tem que ser confiável e rápido, não deixar margem para suposições”. Publicou também em uma rede social: “Para 2022 a certeza de que, nas urnas, consolidaremos nossa democracia com um sistema eleitoral aperfeiçoado.

Além de palavras, também surgiram ações para desacreditar o sistema eleitoral.

O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) disse ter visto “motivação política” nos ataques ao sistema da Justiça Eleitoral, ocorridos no domingo - dia da votação. Afirmou o ministro:

Milícias digitais entraram imediatamente em ação tentando desacreditar o sistema. Há suspeita de articulação de grupos extremistas que se empenham em desacreditar as instituições, clamam pela volta da ditadura, e muitos deles são investigados pelo STF.

Darkweb
Ataques do tipo enfrentado pelo sistema do TSE são vendidos por apenas mil dólares na darkweb, conforme mostrou reportagem do El País (17/11/2020), e onde são negociados todos os tipos de crime. No caso, o trabalho consistiu em fazer acessos em massa ao site do TSE para provocar instabilidade ou tirá-lo do ar.

Ou seja, os computadores da Justiça não foram invadidos. O ataque tinha o objetivo de dar elementos para a acusação de fraude e fomentar teorias da conspiração. A análise foi feita pela SaferNet, especializada em segurança digital.

SaferNet
Segundo a SaferNet, conforme relatou o El País, a tentativa de derrubar o site do TSE foi uma ação coordenada, com objetivo de desacreditar as eleições. Ainda segundo a SaferNet, entre os divulgadores das informações falsas, difundidas pouco antes do ataque, estavam perfis de dezenas de militantes bolsonaristas, alguns deles investigados nos inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos, que tramitam no Supremo Tribunal Federal.

Lé com cré
Juntando-se lé com cré sobre o que disse o ministro Barroso a respeito de “grupos extremistas” e a SaferNet, que viu ação de perfis bolsonaristas para potencializar o descrédito da Justiça Eleitoral, pergunta-se: quem fazia parte e quem incentivava os grupos que há pouco saíam às rua pedindo o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e a instalação de uma ditadura no Brasil?

Polícia Federal
A SaferNet trabalha em parceria com o Ministério Público Federal no combate à desinformação. A Polícia Federal vai investigar o caso. Agora, o mínimo esperado é que se encontrem esses criminosos e seus chefes para que sejam punidos com todo o rigor da lei.

Foto do Plínio Bortolotti

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