Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
Texto assinado pelo jornalista Carlos Mazza (edição de 13/12/2020) comenta a montagem da equipe do prefeito eleito de Fortaleza, José Sarto (PDT), cujo “núcleo duro” ainda não foi claramente identificado.
Articulação No entanto, um nome desse grupo restrito já estaria definido: o de Élcio Batista (PSB), vice-prefeito da chapa de Sarto. Segundo Mazza, “o vice tem chamado atenção de líderes de partidos aliados pela postura protagonista desde a campanha, inclusive em reuniões e conversas de articulação política para a futura gestão”.
Aliados Pelo menos dois aliados do grupo confirmaram o “protagonismo” de Élcio. Um deles, que não quis se identificar, avalia que o vice “vai tomar a frente de muita coisa (na administração)”. A ex-vereadora, Toinha Rocha (Rede) tem opinião parecida. Para ela Élcio terá atuação “decisiva” no governo.
Lei Orgânica A rigor, vice - independentemente se for de executivo municipal, estadual ou federal - não tem função definida. A Lei Orgânica do Município (a “constituição” de Fortaleza) atribui toda a responsabilidade da administração ao prefeito, em seu artigo 67:
“O poder Executivo do município é exercido pelo prefeito, com o auxílio dos secretários municipais, diretores de órgãos públicos e administradores regionais”.
Quanto ao vice, no artigo 71:
“Ao vice-prefeito compete substituir o titular em casos de impedimento e suceder-lhe na vacância do cargo”. E só.
Mourão E vices, que vão além da atividade protocolar, costumam entrar em conflito com os titulares. Hamilton Mourão, por exemplo – ainda antes da eleição presidencial, quando achava que os generais controlariam Bolsonaro –, descartou o papel de “vice decorativo” e chegou a dizer que teria uma sala ao lado do gabinete do presidente para tratar dos assuntos mais importantes do governo (O Globo, edição de 26/10/2018).
E o que é Mourão hoje? Um vice com as asas cortadas, controlado por Bolsonaro, que o vê como um rival.
Temer Michel Temer, vice nos dois mandatos da presidente Dilma Rousseff, nunca se conformou com o papel que a Constituição lhe impunha, queixou-se de ter perdido o “protagonismo político”. Amargurado, tratou de participar de um complô que derrubou a titular, quando Temer passou a exercer o “protagonismo” em sua plenitude.
Marco Maciel Vices bons têm o estilo de Marco Maciel, discreto, sempre disposto a ajudar o titular, mas sem avançar o sinal que separa a colaboração do protagonismo. Assim ele fez nos dois mandatos do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Poder A se levar em conta as atribuições que dizem serão assumidas por Élcio será um vice com bastante poder. Assim sendo, é possível que o seu círculo, que devia estar próximo, porém separado da circunferência do titular, avance criando uma interseção, uma área hachurada, de sombra, que é onde nascem os conflitos.
Convivência A ver o que acontecerá no decorrer do mandato de Sarto. Se o prefeito vai conviver numa boa dividindo o poder com o vice ou se o anunciado protagonismo de Élcio descambará para um desentendimento entre eles.
De qualquer modo, vale lembrar uma máxima da iniciativa privada: “Nunca contrate alguém que você não pode demitir”. E vice é indemissível.
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