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Lula diz que Ciro alterna momentos de grandeza com rompantes de ódio
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Lula diz que Ciro alterna momentos de grandeza com rompantes de ódio

Na entrevista à rádio O POVO/CBN, o ex-presdiente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou a sua face conciliadora, fazendo acenos ao empresariado e ao “mercado”. Porém, ao responder o questionamento sobre a desconfiança em relação ao Partido dos Trabahadores (PT) na “Faria Lima” (avenida em São Paulo, se onde se localizam escritórios dos principais bancos), o ex-presidente saiu-se com uma frase de efeito, com referência ao Ceará:

Faria Lima
“Vou deixar uma coisa clara, alto e bom som para não ter interpretação: entre ceder à Faria Lima e ceder ao povo pobre do Cariri, eu cedo ao povo pobre do Cariri, ao povo pobre de Fortaleza. Para não ter dúvida: quando fui presidente eu dizia que governava para todos, mas que eu tinha o olhar apaixonado, que nem coração de mãe, para as pessoa mais pobres”.

E acrescentou dizendo que empresários e banqueiros nunca ganharam tanto dinheiro quanto nos governos dele. Mas também disse que “as pessoas (evitou a palavra ‘elite’) têm ódio quando o pobre sobe um degrau na ascensão social”. Lula falou no programa O POVO no Rádio, entrevistado pelo jornalista Jocélio Leal.

Afável com a esquerda
Instado a falar sobre Ciro Gomes (PDT) e sua tempestuosa relação como PT, Lula conseguiu, traçar um perfil interessante do ex-governador, falando mais como uma espécie de irmão mais velho, ou pai, que dá conselhos ao filho de como se comportar na frente de visitas.

Lula destacou ter "carinho" por Ciro, ainda que o aconselhem o contrário. Disse que o presidenciável foi “muito leal” quando ocupou o Ministério da Integração Nacional em seu governo. Mas ressalvou que ele alterna "momentos de grandeza" com "rompantes de ódio", que não cabem na política. “O Ciro tem de botar na cabeça que ele apenas precisa aprender, de forma civilizada, a respeitar os outros como ele gosta de ser respeitado. Como eu acredito que ele pode mudar, como eu acredito que muitas vezes o bom senso pousa na cabeça das pessoas, eu ainda espero o Ciro afável com a esquerda”.

Inflexão política
Essa esperança, baseia-se na análise que Lula fez sobre a “inflexão política”, equivocada na visão dele, que Ciro vem fazendo: “Ele resolveu colocar o PT e a esquerda como inimigos, para tentar namorar quem, nesse baile do jogo político? Qual é a dama que ele acha que vai ganhar nesse baile? Os herdeiros do tucano? Não. Os tucanos vão ter candidatura própria, e certamente não será o Ciro”. Quanto aos “setores da direita”, a aposta de Lula é que, novamente, apoiarão Bolsonaro.

Camilo Santana
Quanto ao governador do Ceará, Camilo Santana (PT), Lula fez generosos elogios, dizendo, inclusive, que ele pode crescer politicamente, tendo “aspirações maiores”, inclusive para ser candidato à Presidência da República. Confrontado com o fato que Camilo tem “o coração dividido”, entre o PT e o grupo comandado por Ciro Gomes, Lula entrou na brincadeira e disse iria disputar o “coração bondoso” do governador.

Pelé e Coutinho
Perguntado se via o PT “fora da cabeça de chama em uma frente de esquerda” na próxima eleição presidencial, Lula disse que isso seria “uma coisa maluca”. Primeiro comparou com uma partida de futebol. Como se o Santos (em sua melhor era), disse ele, fosse disputar uma partida de futebol e o técnico adversário pedisse para deixar de fora do jogo Pelé e Coutinho (Lula e Haddad?)

Primeiro e segundo
Depois, relacionou a participação do PT em todas as campanhas presidenciais disputadas pelo partido: “Em 1989 fomos o segundo (lugar); em 1994, segundo; em 1998, primeiro; em 2002, primeiro em 2006, primeiro; em 2010, primeiro; em 2014, primeiro; e segundo em 2018”. E aproveitou para mandar uma indireta a Ciro: “O PT é tão grande que aí, no Ceará, a gente quase ganha uma eleição em 2002 contra Ciro, Tasso, contra Lúcio Alcântara”. (A referência é à eleição para o governo do Ceará, a qual Lúcio Alcântara, na época no PSDB, venceu no segundo turno, com 50,04% dos votos; o petista José Airton obteve 49,96%, diferença de menos de 1% dos votos).

Que história é essa?
Na sequência, defendeu acordo sem vetos: “Vamos ter aliança se o Lula não for candidato; vamos ter aliança se o Haddad não for candidato; vamos ter aliança se o PT não tiver cabeça de chapa, que história é essa? As pessoas não podem querer que o PT não pleiteie candidatura a presidente. E estabeleceu as condições: “O PT não precisa, necessariamente, ser cabeça de chapa, mas é preciso apresentar uma candidatura com mais fôlego do que o PT.

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