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A turma do "deixa disso" não vai conseguir acalmar Bolsonaro
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

A turma do "deixa disso" não vai conseguir acalmar Bolsonaro

Cada vez mais, o presidente terá de apelar para a sua horda de fanáticos e continuará fazendo barulho para simular relevância.

Formou-se uma espécie de força-tarefa na tentativa de acalmar o presidente Jair Bolsonaro, de modo que ele tenha um mínimo de respeito pelo cargo que exerce e pelas instituições democráticas, principalmente o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Nesse grupo estão o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), todos representantes do Centrão, que capturaram o governo, mas não conseguem mandar no comportamento do presidente.

Esse grupo — equivalente à turma do “deixa pra lá”, que aparta brigas de rua — tem uma missão quase impossível pela frente: controlar os arroubos presidenciais.

Tome-se como exemplo o que aconteceu depois que Lira prometeu que o assunto “voto impresso” estaria “enterrado” depois de a Câmara dos Deputados rejeitar essa providência, como o fez. No entanto, o presidente continuou açulando a sua turma por um suposto “voto auditável”.

Agora, esses pacificadores estão em busca de trazer de novo para para a mesa de negociação o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux. Dias atrás, Fux chutou o pau da barraca e desmarcou uma reunião entre os “três poderes”, pois cansado de ouvir juras de moderação de Bolsonaro, descumpridas mal terminadas as reuniões de “ajustamento de conduta”.

Para tanto, Rodrigo Pacheco e Ciro Nogueira reuniram-se com o Fux com o objetivo de convencê-lo a “retomar o diálogo” com Bolsonaro, sob a velha promessa de que daqui pra frente tudo será diferente.

Louve-se o esforço desses políticos, mas o histórico mostra que eles nutrem vãs esperanças. O mais certo é que, em vez de calmo, o mar ficará cada vez mais agitado, pois a popularidade de Bolsonaro está caindo vertiginosamente.

Segundo pesquisas, em um possível segundo turno nas eleições de 2022, ele perderia de qualquer candidato, inclusive de seu ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Se disputar com Lula, seu arqui-inimigo ficaria em uma desonrosa rabeira.

Assim, cada vez mais, o presidente terá de apelar para a sua horda de fanáticos e continuará fazendo barulho para simular relevância. E, por enquanto, continuará com o apoio do Centrão, que sugará até a última gota de sangue, antes de abandonar o barco fantasmagórico do governo bolsonariano.

Desse modo, o perigo de um golpe sempre estará presente. Bolsonaro não terá escrúpulo em apelar para milicianos, fardados e grupos de extrema direita, que o seguem caninamente, na tentativa de atirar o País em uma aventura caótica e antidemocrática.

É impossível esquecer que o seu exemplo de político é Donald Trump, e lembrar o que o ex-presidente americano, de triste memória, incentivou seus capangas a invadirem a sede do Congresso em Washington, cujas consequências se fazem sentir até hoje.

 

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