Extrema pobreza
Cerca de dois milhões de famílias brasileiras caíram para extrema pobreza entre janeiro de 2019 e junho deste ano. Ou seja, tiveram renda per capita de, no máximo, R$ 89 mensais. (Dados do Cadastro Único do governo federal, o CadÚnico.)

Queda na renda média
A renda média do braisileiro caiu de R$ 1.122 para R$ 995, comparando-se o primeiro trimestre deste ano com igual período em 2020. Pela primeira vez em dez anos o valor ficou abaixo de R$ 1.000. (Pesquisa Bem-estar Trabalhista, Felicidade e Pandemia, do Centro de Estudos FGV Social.)

O drama da insegurança alimentar
A insegurança alimentar afeta hoje 49,6 milhões de pessoas, no Brasil. Equivale a dizer que 23,5% da população brasileira vivenciou insegurança alimentar moderada ou severa entre 2018 e 2020, incluindo crianças. O crescimento foi de 5,2% em comparação com o último período analisado, entre 2014 e 2016. (Relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, a FAO.)

IBGE - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, Pnad Contínua

A taxa de desocupação (desemprego) ficou 13,7% no trimestre fechado em julho. O percentual corresponde a 14,1 milhões de pessoas na fila em busca de trabalho.

O contingente de pessoas subutilizadas, desocupadas (desempregadas), subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas ou na força de trabalho potencial, somaram de 31,7 milhões de trabalhadores. No Brasil as pessoas em idade de trabalhar somam um contingente de 159 milhões de pessoas.

Apesar do crescimento da população ocupada no trimestre até julho, o rendimento médio real dos trabalhadores recuou 2,9% frente ao trimestre anterior e reduziu-se 8,8% em relação ao mesmo trimestre de 2020.

Para pagar cesta básica, salário mínimo teria de ser R$ 5 mil

Em agosto, o trabalhador de salário mínimo precisou gastar 55,93% do ordenado para adquirir a cesta básica de alimentos para UMA pessoa. Se se considerar uma família padrão de dois adultos e duas crianças, o dispêndio seria R$ 5.518,79, mais de cinco vezes o valor que o trabalhador recebe: R$ 1.100 - 7,5% INSS = R$ 1.017,50. (Pesquisa do Dieese.)

A carestia dos alimentos
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), acumulado nos últimos doze meses é de 10,42%. O que mais puxou a inflação foram a alta no preço dos combustíveis e alimentos e bebidas.

Os dados acima explicam estas notícias:

Famílias fazem fila para receber doação de ossos com restos de carne em Cuiabá (O POVO, 18/7/2021)

Na periferia, insegurança alimentar aumenta a vulnerabilidade de mães e crianças (O POVO, 9/7/2021)

Insegurança alimentar atinge 49,6 milhões de brasileiros, diz ONU (O POVO, 13/7/2021)

Garimpo contra a fome: sem comida, moradores do Rio recorrem a restos de ossos e carne rejeitados por supermercados (jornal Extra, 29/9/2021.)

Manchetes

Poderia relacionar outras dezenas de manchetes parecidas, mas o próprio leitor deve ter visto em jornais ou visto em matérias de TV, como aumenta esse tipo de notícia.

Para confirmar, basta dar uma volta em qualquer cidade brasileira para observar como vem aumentando a população de pedintes na rua e, que até ontem, eram famílias constituídas, conseguindo viver de seu trabalho.

Podem dizer alguns: foi resultado da pandemia, mas seria mera desculpa sem base na realidade. Se houvesse um governo que trabalhasse com um mínimo de consciência social, mais preocupada com os brasileiros do que com a próxima disputa eleitoral, essa situação dramática teria sido evitada.