Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
Até hoje, o pré-candidato a presidente da República pronuncia-se de forma protocolar sobre o motim da Polícia Militar no Ceará, sem condenar de forma clara o crime contra a Constituição. Talvez queria arregimentar votos na tropa.
Na época do motim da Polícia Militar no Ceará, no início do ano passado, o então superministro da Justiça, Sergio Moro, fez corpo mole, evitando condenar o crime contra a Constituição cometido à luz do dia por agentes do Estado.
Seguia a política orientada pelo presidente Jair Bolsonaro — a quem prestava vassalagem —, de apoio mal disfarçado aos amotinados. O ex-juiz, inflexível com a criminalidade, nunca condenou de forma efetiva o abuso, nem pronunciou uma palavra mais áspera contra o terror a que os policiais amotinados submeteram a população cearense.
Até hoje, pré-candidato a presidente da República, Moro pronuncia-se de forma protocolar sobre o assunto, talvez querendo arregimentar votos na tropa: “Qualquer greve (na Polícia Militar) é fora da lei, porque deixa as pessoas desprotegidas”, foi a obviedade que conseguiu repetir em entrevista ao programa O POVO no Rádio, da rádio O POVO/CBN, na segunda-feira.
Em vez de criticar diretamente os amotinados, o candidato Moro (Podemos) preferiu fustigar o governador do Ceará, Camilo Santana (PT). Ele disse que o governador falhou ao não conseguir “restabelecer o diálogo”, pois queria entrar na conversa “chutando a porta”.
Mas, esperem, não foram os policiais que deram um pontapé na legalidade, avariando viaturas, invadindo quartéis e percorrendo ruas mascarados e armados aterrorizando a população?
Por outro lado, não foi o governador que, antes do motim, havia negociado uma proposta salarial aceita e comemorada pelos líderes da PM, depois rejeitada em assembleia de policiais?
Com amotinados agindo criminosamente, o governador não tinha mesmo o que conversar, cabia-lhe aplicar a lei com rigor. Se não houvesse tomado essa atitude, o mau exemplo do Ceará teria se espalhado pelo País, com consequências imprevisíveis.
Na verdade, Bolsonaro e Moro falaram pela boca do coronel Antônio Aginaldo de Oliveira, coordenador da Força Nacional de Segurança, que discursou aos amotinados elogiando-os como “gigantes” e “corajosos”, apesar dos crimes que cometiam.
Aginaldo é casado com a deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP), Moro foi padrinho do enlace, ocorrido em fevereiro de 2020, mês do motim.
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