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Índice de desocupação conta apenas parte da história do desemprego; entenda
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Índice de desocupação conta apenas parte da história do desemprego; entenda

O Brasil tem 13,5 milhões de desempregados; 5,1 milhões de desalentados e 30,7 milhões de pessoas que gostariam de trabalhar mais.

Quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga, trimestralmente, a sua pesquisa sobre o desemprego, normalmente ganha destaque a taxa de desocupação, ou seja, o percentual de pessoas que procuram e não conseguem emprego.

Quadro
Porém, há outros dados que complementam a informação, possibilitando um quadro mais completo da situação. É o caso dos índices de subutilização da força de trabalho, do desalento, do trabalho informal e da queda ou aumento da renda média dos empregados.

No terceiro trimestre deste ano, encerrado em setembro, houve leve queda na taxa de desemprego, que ficou em 12,6%, redução de 1,6 ponto percentual em relação ao trimestre anterior.

Sem carteira assinada
No entanto — e isso também é objeto de preocupação para a economia — o aumento na ocupação foi resultado de vagas informais, sem carteira assinada, e com salários mais baixos.

Mesmo com a queda no indicador, o número de pessoas desempregadas continua muito alto, somando 13,5 milhões de brasileiros que pressionam o mercado de trabalho, mas não encontram vaga.

Informais
Além disso, a taxa de informalidade chegou a 40,6% da população ocupada, somando 38 milhões de trabalhadores sem carteira assinada. O crescimento do volume de ocupação no trimestre em pauta foi puxado, portanto, pelo aumento de trabalhadores informais, ou seja, por empregos precarizados.

Desalento
O País tem ainda 5,1 milhões de trabalhadores desalentados, um contingente de brasileiros que desistiu de procurar emprego. O IBGE não especifica os motivos, mas o termo “desalento” leva a crer que a pessoa bateu várias vezes à porta de empresas, sem conseguir a vaga, desistindo de insistir, ou deixando de procurar pela falta recursos para deslocamento e alimentação, na ronda que tem de fazer em busca de emprego.

Subutilização
Outro dado que impressiona são os 30,7 milhões de pessoas que gostariam de trabalhar mais, porém não conseguem ocupação regular. O IBGE classifica o fenômeno como “subutilização da força de trabalho”, representando um enorme potencial desperdiçado.

Queda na renda
Mesmo com o menor índice de desemprego, o rendimento dos brasileiros continua em queda. O rendimento médio ficou em R$ 2,459, redução de 4% comparado ao trimestre anterior.

A dramática situação do trabalhador brasileiro pode ser assim resumida:

- Desempregados: 13,5 milhões de pessoas que não encontram vaga no mercado de trabalho.
- Desalentados: 5,1 milhões de brasileiros que desistiram de procurar emprego.
- Desempregados + desalentados: 18,6 milhões sem trabalhar. (Equivale ao dobro da população de todo o Ceará.)
- Informais: 38 milhões de pessoas trabalhando sem carteira assinada
- Subutilizados ou subocupados: 30,7 milhões que poderiam ou gostariam de trabalhar mais.

Os subutilizados representam três categorias: 1) Desempregados. 2) Subocupados, que trabalham menos do que gostariam ou poderiam. 3) Força de trabalho potencial, ou seja, pessoas que não estão em busca de emprego, mas estariam disponíveis para trabalhar.

Na informalidade: empregados do setor privado sem carteira assinada; trabalhadores domésticos sem carteira; empregadores que não contribuem para o INSS; trabalhadores por conta própria, que não contribuem para o INSS; e trabalhadores não remunerados que ajudam a algum morador de seu domicílio.

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