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Queirodes acha normal a estatística macabra de 301 crianças mortas por Covid
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Queirodes acha normal a estatística macabra de 301 crianças mortas por Covid

Que nome se pode dar a essa atitude do governo se não crime contra as crianças? Depois os fanáticos bolsonarianos acham ruim quando o chamam de genocida.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, tornou-se conhecido como “Queirodes” nas redes sociais por considerar que os “Óbitos de crianças (vitimadas pela Covid) estão dentro de um patamar que não implica em decisões emergencias". A declaração foi dada na tentativa de justificar a repulsa do governo à vacinação crianças de cinco a 11 anos de idade.

Formado em medicina
Queiroga é formado em medicina, porém está longe de ser um médico. A exemplo do general Eduardo Pazuello, outro camarada desprezível que foi ministro da Saúde, Queiroga segue o lema "um manda e outro obedece". No caso, "um", é o patrão dele, exercendo a Presidência da República, e o "outro" é ele mesmo, um desqualificado moral.


Patamar inaceitável
No entanto, para o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, as 301 crianças mortas por Covid, desde o início da pandemia, não constitui um "patamar" aceitável, porém uma "estatística macabra" (O Globo, 23/12/2021). Contra-almirante da reserva (Aeronáutica), médico cirurgião vascular, ele é a única pessoa indicada por Bolsonaro para ocupar algum cargo que dispõe de coluna vertebral.

O exemplo
Barras Torres honra o que as Forças Armadas têm de melhor, tendo a exata noção do que é ser um servidor público. Ele fixou-se ao lado da ciência, sem medo de enfrentar os preconceitos e as crendices, divulgados pelo presidente da República e sua corja de perversos. Devia ser exemplo para seus camaradas de armas, mas, provavelmente deve ser vilipendiado por sujeitos da espécie do ridículo general Augusto Heleno (chefe do Gabinete de Segurança da Presidência) e outros áulicos fardados do capitão, que foi expelido do Exército.

Celerados
Depois que Bolsonaro fez menção negativa à Anvisa em uma de suas "lives", onde vomita o seu ódio, a gangue de celerados que lhe dá apoio aumentou de número e subiu o tom nas ameaças à vida de servidores da Anvisa, via redes sociais e telefonemas. A responsabilidade sobre qualquer possível atentado contra esses funcionários públicos precisa recair sobre Bolsonaro, o líder do incentivo à violência.

Atraso
A decisão sobre a vacinação de crianças deverá ser tomada pelo governo no dia 5 de janeiro, com atraso que pode ser fatal, segundo cientistas que cuidam do assunto, como aconteceu quando se demorou para comprar vacinas para adultos.

Prescrição médica
Porém, Queirodes já disse que as aplicações nas crianças serão feitas somente com prescrição médica, porém, dois comentários: 1) O Programa Nacional de Vacinação (PNI) já estabelece — para todas as vacinas — quem pode e quem não pode tomá-las. 2) Vai se criar, aí sim, um apartheid, separarando os ricos e a classe média, que tem dinheiro para pagar uma consulta para acesso ao pedido médico, e os pobres, que terão de recorrer ao SUS, lotando ainda mais as uinidades de saúde. Haverá médicos suficientes para aviar a receita?

Genocida
Que nome se pode dar a essa atitude do governo se não crime contra as crianças? Depois os fanáticos bolsonarianos acham ruim quando o chamam de genocida.
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Entidades que ja se manifestaram a respeito da segurança e eficácia da vacina da Pfzer para crianças de cinco a 11 anos de idade, além da Anvisa

1] Conselho Nacional de Secretários de Saúde Conass). 2] Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). 3] Câmara Técnica de Assessoramento do Ministério da Saúde (Cetai). Esse órgão é do próprio Ministério da Saúde para analisar assuntos de imunização em relação à pandemia.

Países que já adotam vacinas para crianças

1) Alemanha, 2) Argentina, 3) Áustria, 4) Canadá, 5) Chile, 6) China, 7) Cuba, 8) Dinamarca, 9) Espanha, 10) Estados Unidos, 11) França, 12) Grécia, 13) Hungria, 14) Israel, 15) Itália e 16) Portugal.

 

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