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Eleitor volta a confiar no PT; responsabilidade do partido aumenta
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Eleitor volta a confiar no PT; responsabilidade do partido aumenta

Os brasileiros, mesmo conhecendo os pecados da legenda — de veniais a mortais —, estão propensos a lhe dar uma segunda ou quinta chance, pois já lhe foram concedidos quatro mandatos.

O PT é o partido preferido por 28% dos brasileiros, aponta pesquisa do instituto Datafolha, realizada entre os dias 13 e 26 de dezembro de 2021. Em um distante segundo lugar surgem empatados, com 2% dos votos, o PSDB e o MDB; o PDT e Psol têm 1%. À exceção desses, somando os 33 partidos registrados no Tribunal Superior Eleitoral, nenhum deles pontuou.

Preferência
Com o índice obtido na pesquisa, o PT praticamente recupera o seu melhor desempenho, os 31% de preferência popular alcançados em abril de 2012, no governo Dilma Rousseff.

Série histórica
Registre-se que, na série histórica do Datafolha, iniciada em 2012, nenhum outro partido passou dos 2% da preferência do eleitorado, à exceção do PSL (então partido do presidente Jair Bolsonaro), que chegou a 7% em outubro de 2018, para depois despencar a zero.

Em 2012 declararam-se sem preferência partidária 51% dos pesquisados, índice que subiu para 54% na mais recente consulta.

Baque
O maior baque do PT aconteceu em março de 2015 —, quando aconteceram grandes protestos contra o governo de Dilma Rousseff —, fazendo cair a 9%, a preferência pela sigla. A partir desse momento, abriu-se o caminho para o impeachment da presidente, que ocorreria no ano seguinte.

Atributos
A preferência pela legenda revela-se também quanto às características atribuídas a Lula — cujo nome se confunde com o PT — frente aos demais candidatos a presidente. Segundo a pesquisa, o petista se destaca como o nome mais preparado para cuidar da educação; o que mais defende os pobres; o que mais combate a fome; o mais experiente e o mais preparado para combater o desemprego

Grau de importância
Quanto ao “grau de importância” de alguns temas para o programa do próximo presidente, os itens mais destacados relacionam-se às características atribuídas a Lula (acima), e que também foram temas relevantes nas administrações petistas.

Pergunta
Foi perguntado ao pesquisado o seguinte: “Considerando uma nota de zero a 10, onde zero é nada importante e 10 muito importante, o quanto você considera importante que o próximo presidente do Brasil”. (Nota média):

Respostas

1. (Esteja) preparado para cuidar da área da educação (9,7).
2. Preparado para combater a fome (9,6).
3) Preparado para cuidar da área da saúde (9,6).
4. Preparado para combater o desemprego (9,6).
5) Preparado para fazer o país crescer (9,6).
6) Em seguida, até o décimo item, aparecem com nota 9,5: que “defenda os pobres”; esteja “preparado para combater a violência” e “preparado para combater a corrupção”.

Prioritário
Entre os 10 temas prioritários para os brasileiros, o único calo para os petistas é a corrupção, pois, será difícil negar a existência do que ficou conhecido por “mensalão” e também impossível eximir-se da responsabilidade, ainda que indireta, pela corrupção que grassou na Petrobras, por exemplo.

Régua
O PT talvez já pudesse ter ter passado a régua nessa conta, se houvesse ouvido a proposta de Tarso Genro (ex-ministro de Lula, ex-governador do Rio Grande do Sul), apresentada na época do “mensalão”, de reestruturar o partido.

Entulhos
O PT também precisa abandonar alguns entulhos da Guerra Fria, deixando clara a sua posição contra regimes ditatoriais, pretensamente de esquerda, como na Venezuela, Cuba e Nicarágua. Foi o que fez Gabriel Boric, no Chile, criticando esses regimes e, mesmo assim, conseguiu unificar a esquerda para derrotar a extrema direita, representada por José Antonio Kast.

Responsabilidade
O fato é que recai sobre o PT uma imensa responsabilidade, pois os brasileiros, mesmo conhecendo os pecados do partido — de veniais a mortais —, estão propensos a lhe dar uma segunda ou a quinta chance, pois já lhe foram concedidos quatro mandatos. É como se o eleitor dissesse: seus acertos superam os seus erros, mas estes precisam ser corrigidos.

Prioridade
É também alentador observar que o brasileiro, cada vez mais, põe como prioridade o combate à fome e à miséria no Brasil, um dos passos para tornar o país menos desigual.

Momento histórico
O PT está, portanto, frente a um momento histórico em que, qual qualquer erro, causaria enorme frustração em seus eleitores. E a conta não seria paga apenas pelo partido, mas por toda a esquerda, e não só no Brasil, mas também na América Latina, e talvez, em todo o mundo.

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