O atraso da elite: entre os ricos rejeição à vacina é maior
Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
O atraso da elite: entre os ricos rejeição à vacina é maior
Em relação aos imunizantes, pode-se inferir que os ignorantes são os ricos com um canudo universitário, confirmando a tese de que dinheiro não compra inteligência e nem sabedoria, produtos em falta na elite brasileira.
Dia desses deparei com o seguinte post no Twitter: “A ignorância não tem classe social”.
O comentário referia-se ao fato de pais de alunos da Escola Americana, no Rio de Janeiro — uma das mais caras do Brasil — terem dirigido um abaixo assinado à direção do colégio contra a vacinação obrigatória.
Foi uma resposta ao comunicado da escola informado que passaria a exigir a imunização de alunos, com mais de cinco anos de idade, para terem acesso às salas de aula. (Informação publicada na coluna Lauro Jardim, no O Globo.)
Como no Twitter é possível comentar as publicações, enviei uma resposta afirmando que a ignorância “tem sim” classe social, pois “a população mais pobre está se vacinando e querendo vacinar os seus filhos”.
Essa troca de mensagens foi no dia 10 de janeiro; no dia seguinte foi divulgada pesquisa realizada pelo governo de São Paulo confirmando essa percepção.
A pesquisa mostra que 80% dos pais pretendem vacinar os seus filhos. A maioria dos adultos que pretende imunizar os seus filhos tem menor renda e menor escolaridade. Dos adultos que estudaram até o ensino fundamental, 92% querem vacinar suas crianças, o percentual cai para 77% no grupo que concluiu o ensino superior.
Quanto à renda, 92% dos que ganham um salário mínimo são favoráveis à imunização, índice que se reduz a 73% para quem aufere mais de três salários mínimos.
Há outro indicador que mostra o negacionismo das classes mais abastadas: 91% dos pais com filhos matriculados na rede pública são favoráveis à vacina; frente aos 78% dos que mantêm crianças em escolas e creches particulares.
Não há um recorte específico na pesquisa que isole rendas mais altas acima de três salários mínimos, mas o estudo destaca que “a intenção de vacinar crianças decresce com o aumento da escolaridade e da renda familiar dos responsáveis”. Isso indica que, quanto mais alta é a renda e a escolaridade, maior a resistência à imunização.
Portanto, em relação à vacina, pode-se inferir que os ignorantes são os ricos com um canudo universitário, confirmando a tese de que dinheiro não compra inteligência e nem sabedoria, produtos em falta na elite brasileira.
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