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Sergio Moro apresenta-se como um cidadão acima de qualquer suspeita
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Sergio Moro apresenta-se como um cidadão acima de qualquer suspeita

A Justiça já fez o julgamento de Moro e considerou-o culpado, julgando-o parcial e anulando todos os processos contra Lula. Saudemos a coragem do ex-juiz de apresentar-se agora ao escrutínio dos brasileiros que decidirão quem vai presidir o País a partir de 2023.

“Sou pró-governo federal. Eu não vejo o Bolsonaro, o Sergio Moro. Eu vejo o Sergio Moro no governo do presidente Jair Bolsonaro, eu vejo uma coisa só."

Rosângela Wolff
São palavras de Rosângela Wolff Moro, mulher do pré-candidato à Presidência da República Sergio Moro (O Estado de S.Paulo, 16/2/2020). Quem haveria de conhecer melhor o ex-juiz senão a própria esposa?

Mudança
As pessoas têm o direito de mudar de opinião. O problema é que o histórico de Moro milita contra a possibilidade de ter havido uma súbita alteração em seu modo de agir.

Arrivista
Ele é um arrivista. Fez tudo de caso pensado. Segundo o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) o convite para que fizesse parte do governo Bolsonaro foi feito a ele por Paulo Guedes ainda durante a campanha eleitoral de 2018.

Delação
A menos de uma semana do primeiro turno eleitoral, Moro retirou o sigilo de parte da delação do ex-ministro Antonio Palocci, em que é citado o nome de Luiz Inácio Lula da Silva (Valor Econômico 01/11/2018). A manobra política teve o objetivo de expor o ex-presidente à execração pública.

Justiça
Depois, com a eleição de Bolsonaro, assumiu o Ministério da Justiça. Foi bom soldado do presidente, mantendo uma relação simbiótica com ele, a se levar em conta palavras de sua mulher.

Enlace
Mas o enlace desandou e Moro saiu do governo atirando para todo lado. Buscou refúgio na inciativa privada, em uma consultoria que atende empresas condenadas na Lava Jato. O ex-juiz garante não ter misturado as estações. Mas não divulga os valores ali auferidos.

Candidato
O próximo passo foi lançar-se candidato da República. Pensava-se que a sua candidatura fosse estourar, aproximando-se do percentual de votos de Bolsonaro, mas seu índice de popularidade patina nos 9%.

Entrevista
Em recente entrevista à Veja (14/1/2022), disponível no portal da revista, Moro teve como alvos preferenciais Lula e Jair Bolsonaro, seus concorrentes diretos. Mas não se esqueceu de lançar algumas setas em direção ao Supremo Tribunal Federal.

Acinte
Para ele, seria “suicídio” eleger Lula ou Bolsonaro. Classificou seu ex-chefe como “mentiroso, enganador, irracional e inconfiável” (demorou para perceber). Chamou de “acinte, um tapa na cara dos brasileiros, um desastre, um sinal verde para a volta da roubalheira” o retorno de Lula à Presidência, esquecendo-se que são os próprios brasileiros que estão pondo Lula em primeiro lugar nas pesquisas.

O protetor
Acusou Bolsonaro de querer usá-lo para se proteger de processos: “Queria apenas se blindar, ficar longe do alcance da Justiça. Ele me disse que eu tinha de sair do governo porque não aceitava protegê-lo de investigações”.

Estratégia
Sua estratégia de campanha é claríssima, mas chegará um momento em que a canhoneira vai ter de se voltar especificamente contra Bolsonaro. Pois, “se a eleição fosse hoje”, como dizem as pesquisas, Lula ou ganharia no primeiro turno ou, com certeza, estaria no segundo.

Vazajato
Questionado sobre o vazamento da troca de mensagens entre ele e os procuradores da Lava Jato, divulgadas pelo Intercept Brasil, não negou a veracidade. Afirmou nada existir de "anormal" na troca de mensagens, dizendo que foram usadas como “um álibi para a impunidade".

Histórico
Apesar de seu histórico como juiz, que teve todos os processos em que condenou Lula anulados. e depois foi considerado parcial pelo STF, apresenta-se como epítome do combate às irregularidades. Um cidadão acima de qualquer suspeita: “As pessoas sabem quem está do lado certo dessa história, quem combateu a corrupção, quem cometeu corrupção e quem favoreceu a corrupção”.

Culpado
A Justiça já fez o julgamento de Moro e considerou-o culpado, julgando-o parcial e anulando todos os processos contra Lula. Saudemos a coragem do ex-juiz de apresentar-se agora ao escrutínio dos brasileiros que decidirão quem vai presidir o País a partir de 2023.

Foto do Plínio Bortolotti

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