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Plínio Bortolotti: "A dor de muitos é o lucro de poucos"
Opinião

Plínio Bortolotti: "A dor de muitos é o lucro de poucos"

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 Plínio Bortolotti (Foto: Camila de Almeida/O POVO)
Foto: Camila de Almeida/O POVO Plínio Bortolotti

"Empresas dos setores de alimentos, de medicamentos, de energia e de tecnologia tiveram imensos lucros durante a pandemia de Covid-19, em boa parte às custas do sofrimento de quem tem dificuldades de pagar por uma refeição, uma conta de luz, um medicamento."

O trecho acima apresenta o relatório "Lucrando com a dor", lançado pela Oxfam no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, evento que reúne os ricos e poderosos do mundo. A Oxfam é uma organização internacional dedicada a buscar soluções para reduzir a pobreza e a desigualdade.

Seguem algumas constatações dispostas no relatório.

— A combinação entre a crise da Covid-19, o crescimento da desigualdade e o aumento dos preços dos alimentos pode fazer com que até 263 milhões de pessoas caiam na extrema pobreza em 2022, revertendo décadas de progresso. Tal número equivale a um milhão de pessoas a cada 33 horas.

— Ao mesmo tempo, um novo bilionário surgiu a cada 30 horas, em média, durante a pandemia.

— Existem 2.668 bilionários no mundo, 573 a mais do que em 2020, quando a pandemia começou. Juntos, esses bilionários possuem US$ 12,7 trilhões.

— A riqueza somada dos bilionários equivale a 13,9% do Produto Interno Bruto (PIB) global, acima dos 4,4% registrados em 2000.

— Os 10 homens mais ricos têm mais riqueza do que os 40% mais pobres juntos.

— Os 20 bilionários mais ricos possuem mais do que todo o PIB da África Subsaariana.

— Elon Musk, o homem com a maior fortuna do planeta tem tanto dinheiro que, caso perca 99% de seus recursos, ainda estará entre os 0,0001% dos mais ricos do mundo.

O estudo ainda anota que "as desigualdades [no mundo] que já eram extremas antes da pandemia, atingiram novos patamares históricos". E alerta que os governos têm de implantar com urgência "medidas tributárias altamente progressivas que, por sua vez, devem ser usadas para investir em medidas poderosas e comprovadas para reduzir desigualdades".

Frente a esse quadro obsceno, não há muito mais a dizer, apenas perguntar sobre o tipo de sociedade que queremos construir.

PS. Relatório completo da Oxfam (shre.ink/9VV).

O título do artigo foi reproduzido da apresentação do estudo da Oxfam. 

 

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