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O desmonte mortal da Funai
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

O desmonte mortal da Funai

A destruição dos órgãos ambientais ajuda a explicar o brutal assassinato do indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira e do jornalista britânico Dom Philips, no Vale do Javari.


Acompanho a vida política do país, de forma consciente, desde 1975, portanto já passei por muitos sobressaltos, mas nenhuma catástrofe como a provocada pelo governo de Jair Bolsonaro.

Depois da redemocratização houve um interregno de tranquilidade do ponto de vista institucional, a partir do primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso, passando pelos oito anos com Lula, até o meio do segundo mandato de Dilma Rousseff, deposta por meio de um impeachment. Em qualquer desses períodos houve crises, denúncias e malfeitos. Mas nenhuma ameaça à democracia. E, nesse aspecto, pode-se incluir todos os governos a partir da redemocratização.

Mas o golpe contra a presidente Dilma abriu as portas do convívio político para a extrema direita, que não dava as caras publicamente, desde o fim da ditadura. E isso resultou na maior desgraça política que podia se abater sobre um país, pois levou Bolsonaro ao poder, que passou a ameaçar a democracia, a incentivar a garimpagem ilegal, a invasão de terras indígenas e a exploração desordenada da Amazônia.

Esse tipo de político tem como objetivo construir uma sociedade à imagem e semelhança de suas obsessões despóticas. Para isso, precisa destruir tudo o que precedeu a assunção do “líder”, para refazer tudo sob bases autoritárias. E destruição é justamente o que acontece desde que Bolsonaro iniciou o seu mandato, em áreas essenciais como saúde, educação, cultura, meio ambiente, programas sociais.

Surgem agora provas do desmonte da Fundação Nacional do Índio (Funai), da qual o indigenista Bruno Pereira de Araújo era funcionário, e o papel nefasto que o órgão passou a desenvolver, em contrário aos verdadeiro objetivos da entidade, de salvaguardar indígenas e a Amazônia.

Compreender isso ajuda a explicar o brutal assassinato de Bruno e do jornalista britânico Dom Philips, no Vale do Javari. A busca, que já dura dez dias, agora é para encontrar os corpos esquartejados e queimados, segundo confissão de um dos suspeitos do crime à Polícia Federal.

Bruno era ameaçado por criminosos da região, devido ao seu trabalho, mas, em vez de protegê-lo, a Funai exonerou-o da coordenação de Indígenas Isolados, entregando-o à própria sorte.

Por quê?

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