Polícia Rodoviária Federal agiu ilegalmente ao descumprir decisão do TSE
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
Polícia Rodoviária Federal agiu ilegalmente ao descumprir decisão do TSE
O mais provável é que a ideia de dificultar a vida dos eleitores nordestinos tenha sido decisão da campanha de Bolsonaro. E o diretor da PRF, como bom soldado, cumpriu a ordem.
Que o presidente Jair Bolsonaro exige subordinação de quem dirige órgãos de Estado — que deveriam ter uma atuação impessoal — não é segredo para ninguém. As instituições que o presidente não consegue capturar, ela as esculacha, como é o caso do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Entretanto, os órgão em que esse sistema autocrático de governo mais se espalhou, tornando seus membros soldados voluntários da vontade presidencial, foram a Polícia Militar (PM) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF), que constituem uma força armada que talvez estivesse disposta aventuras golpistas violentas, se o “chefe” desse a ordem de comando.
Isso ficou muito claro agora, quando o diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, descumpriu descaradamente uma decisão do TSE para sustar qualquer blitz policial que dificultasse a chegada dos eleitores às seções de voto, por meio do transporte público oferecido gratuitamente por estados e municípios.
Quando as denúncias começaram a pipocar, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes marcou uma reunião com o diretor da PRF. Em seguida, disse, em entrevista coletiva, que Silvanei pode ter-se "enganado" na interpretação da ordem, pois as fiscalizações que estava fazendo tinham apenas o objetivo de fazer cumprir a legislação federal a respeito do tráfego nas estradas, como a proibição de veículos circularem com pneus "carecas", por exemplo. Ainda, segundo Moraes, nenhum eleitor teria deixado de votar devido à ação da PRF. De qualquer forma. mandou que a PRF suspendesse todas as blitzes, quando os relógios já marcavam em torno de 15h (o encerramento das sessões eleitorais foi às 17h)
O problema é que a justificação "técnica" de Silvinei não explica o porquê de essas essas blitzes terem se concentrado majoritariamente em uma região onde a votação de Luiz Inácio Lula da Silva foi amplamente majoritária no primeiro turno. Menos ainda argumentar a falta de entendimento da ordem do TSE: bastaria uma consulta, se ele agisse de boa-fé.
O mais provável é que a ideia de dificultar a vida dos eleitores nordestinos tenha sido decisão da campanha de Bolsonaro. E Silvinei, como bom soldado, cumpriu a ordem. A propósito, Silvinei, mesmo sendo um funcionário público, que não pode misturar a sua função com política, já pediu votos para Bolsonaro em uma rede social. Apagou depois de má repercussão causada pelo post.
A revolta dos eleitores de Lula espalhou-se pelas redes sociais, fazendo com que a hashtag “Deixem o Nordeste Votar” e “Golpe de Estado” chegassem ao primeiro e segundo lugares nos assuntos mais comentados do Twitter. (Hashtag é uma expressão precedida do símbolo #)
Depois de apurados os votos se saberá se, de fato, um contingente significativo de eleiores deixou de votar devido à ação ilegal da PRF. Bastará comparar a abstenção do primeiro turno com o segundo.
Se isso ficar comprovado, qual seria a consequência, se o resultado for apertado a tal ponto que essa quantidade de votos fizer diferença entre a vitória e a derrota do candidato oposicionista?
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