No dia 18/11/2022, fiz este post no Twitter:
«Generais querem criar uma situação em que eles sejam chamados para restabelecer a “lei e a ordem” em uma bagunça que eles mesmos ajudaram a criar»
Anexei à postagem um vídeo um vídeo do general Braga Neto — candidato a vice, derrotado nas eleições presidenciais — confraternizando-se com golpistas no cercadinho do Palácio do Planalto. Mastigando-se sabe-se lá o quê, o general pede para que os fanáticos “não percam a fé”. A uma mulher chorosa, reclamando que os manifestantes estão na “chuva”, o general pede: “Tem que dar um tempo”, e conclui enigmaticamente: “É só o que eu posso dizer agora”.
Essas instruções do general à sua tropa civil, acontecem em um momento em que os atos antidemocráticos recrudescem pelo país, como os golpistas partindo para a violência generalizada
Além dos ataques verbais, de perseguição de autoridades pela ruas e restaurantes, que só não terminam em vias de fato pela ação dos seguranças; as pessoas comuns — se usam uma roupa vermelha ou um adesivo de Lula no carro — passaram a ser agredidas fisicamente, de modo covarde, em bloqueios de rodovias ou nas ruas. Motoristas que não aceitam parar nas barreiras são ameaçados e têm seus caminhões apedrejados ou incendiados.
Mas a escalada da violência aumenta, incluindo atos que podem ser classificados como terrorismo.
No dia 19/11, à noite, cerca de 10 homens encapuzados entraram atirando na base da concessionária que administra a BR-163, no Mato Grosso do Sul. Os golpistas balearam uma viatura, invadiram o prédio da praça do pedágio, obrigando os funcionários a fugirem; na saída, atearam fogo em uma ambulância e em um caminhão guincho.
Um fio no Twitter reúne pelo menos 30 ataques violentos de bolsonaristas, incluindo agressões fisicas, depredação de veículos, e até saques em caminhões retidos nas barreiras, que podem ser vistos aqui.
Enquanto isso, Bolsonaro se esconde no Palácio do Alvorado e os generais se movimentam para provocar uma ação ainda mais contundente contra o resultado das urnas e a democracia.
Não é mais possível ficar apenas esperando, sem que providências sejam tomadas. Essas bandas golpistas passaram a se manifestar abertamente dentro dos quartéis, com o objetivo de emparedar as forças democráticas. E essas têm de reagir, antes que seja tarde, pois o golpe está em andamento.
Vejam se não é preocupante e essa sequência de “pronunciamentos” militares, que inclui até confissões de um civil, amigo das “casernas”, como se verá abaixo
Três comandantes
No dia 11/11/2022 os comandantes das Forças Armadas divulgaram uma nota conjunta a respeitos dos atos antidemocráticos. O texto passa pano para os golpistas, critica obliquamente o Judiciário, e volta ao velho truque de que caberia aos militares um suposto poder moderador. O documento é assinado pelo almirante Almir Garnier Santos (Marinha), pelo general Marco Antônio Freire Gomes (Exército) e pelo tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior (Aeronáutica).
Villas Bôas
O general Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército, aquele que em 2018 emitiu um Twitter pressionando o Supremo Tribunal Federal (STF) a condenar Lula, voltou a se manifestar. No dia 15/11 escreveu uma nota queixando-se que a imprensa, supostamente, não cobria os atos golpistas e jogou mais lenha na fogueira do questionamento ao resultado das eleições.
Fortaleza: 10ª Região Militar
Poucos dias depois, em 19/11 começou a circular um vídeo nas redes sociais cujo protagonista é o general André Luiz Ribeiro Allão, comandante da 10ª Região Militar, em Fortaleza. Na frente de um grupo de militares, ele afirmou que dá “proteção” aos golpistas que se ajuntam em frente ao quartel, e que o seu ato ultrapassa até as determinações de “outros poderes no caminho contrário”, em clara referência ao Judiciário.
O civil
No domingo (20/11/2022) começou a circular um áudio, uma gravação no Whatsapp, em que Augusto Nardes, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), enviou para amigos do agronegócio, fazendo uma análise da conjuntura. Ele diz que “está acontecendo um movimento muito forte nas casernas”, sendo “questão de horas, dias, no máximo, uma semana, duas, talvez menos do que isso”, para um “desenlace bastante forte na nação”, cujas consequências seriam imprevisíveis.
Do mesmo modo que Braga Netto ele também diz que não pode “falar muito”, mas que teria muitas informação para o "time do agro", afirmando conhecer "todos os líderes. Só lembrando que Nardes foi o relator das contas da presidente Dilma Rousseff, que foram rejeitadas, levando-a ao impeachment.
Coincidência?
Se alguém acha que isso é mera coincidência é porque está usando algum tipo de lente que distorce a realidade.