Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
O abandono a que foi relegado o povo Yanomami não foi apenas descaso, mas uma política deliberada para eliminar toda a etnia, sob a teoria fraudulenta de sua inexistência, exposta em livro do general Menna Barreto
Curioso depois que o comentarista da Globonews, Fernando Gabeira, citou o livro “A farsa Yanomami”, do general de Exército Carlos Alberto Lima Menna Barreto, publicado pela editora Biblioteca do Exército (1995), fui pesquisar sobre o assunto na internet. Segundo Gabeira, muitos militares ainda raciocinam a partir da tese exposta no livro livro, estudado até hoje.
Encontrei um ensaio sobre a “obra”, de autoria de João Pedro Garcez, mestrando no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Paraná (UFPR), no qual se pode ler alguns trechos do livro.
A apresentação, escrita pelo general-de-divisão Carlos de Meira Mattos, resume o argumento que será exposto por Menna Barreto. Para o general, só se poderia entender a “questão yanomami” a partir de seu “propósito velado”: a internacionalização da Amazônia. Ou seja, a “criação de áreas de interesse da humanidade, cujo controle político passará para as mãos dos países do Primeiro Mundo”.
Para Menna Barreto, houve um “astucioso e torpe artifício imaginado para reunir tribos, grupos e subgrupos diferentes no mesmo conjunto etnográfico e, assim, de forma sutil e bem ao gosto da mídia, mudar o mapa da Amazônia pelos mais ‘nobres’ motivos e sem maiores traumas”. Os generais adubam assim a semente dessa antiga teoria da conspiração, de “internacionalização da Amazônia”.
Lembrando que na década de 1990 estava em debate a demarcação da terra Yanomami, concluída no governo do presidente Collor de Mello, em 1992, período também em que se intensificou o debate sobre o aquecimento global.
Revoltado com a decisão, um obscuro deputado federal de primeiro mandato apresentou na Câmara um curto projeto de decreto legislativo com o seguinte teor: “Torna sem efeito o decreto de 25 de maio de 1992, que homologa a demarcação administrativa da terra indígena Yanomami, nos estados de Roraima e Amazonas”. O nome dele: Jair Bolsonaro.
Visto assim, fica mais fácil compreender que o abandono a que foram relegados os yanomamis não foi apenas descaso, mas uma política deliberada para eliminar toda a etnia, sob a teoria farsesca de sua inexistência. Qual seria outro termo, senão genocídio, para classificar os atos que se seguiram?
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