Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
Os grupos que se formam nas redes sociais para comemorar a violência e incentivar massacres enquadram-se no quesito "perigo iminente", pois tem o poder fazer cumprir a ameaça, portanto, podem ser limitadas em sua expressão
O jornalista Glenn Greenwald, fundador do portal The Intercept, publicou artigo na Folha de S. Paulo (14/4/2023) argumentando que o governo — à frente o ministro da Justiça, Flávio Dino — encontrou uma resposta fácil para um problema complexo: culpar “a internet em geral e, em particular as redes sociais”, pelos massacres que vêm acontecendo nas escolas.
Acusar as plataformas, afirma Greenwald, além de ser “barato, rápido e fácil”, atenderia aos interesses do “establishment brasileiro” de exercer maior controle sobre o fluxo de informações online, que antecederia os ataques.
O jornalista questiona a inocuidade e até o perigo de se eleger as plataformas como vilões, proibindo que elas divulguem o discurso de ódio e “fake news”, como remédio para os ataques às escolas. Greenwald é defensor da liberdade ilimitada de expressão como a melhor forma, inclusive, de se contrapor a discursos violentos e da extrema direita.
Para ele, como reafirmou em um vídeo da CartaCapital, “se você falar que deveria ser proibido espalhar mentiras, ou discurso de ódio, ou ideias preconceituosas, ou ideologias perigosas”, seria preciso acrescentar em quais instituições se poderia para decidir o que é verdade do que é falso. Para o jornalista, nenhuma instituição seria confiável o suficiente para realizar esse trabalho
Ocorre que mesmo os mais radicais defensores da liberdade de expressão recuam — não sei se é o caso de Greenwald — quando a ameaça verbalizada publicamente tenha meios de se fazer cumprir, o chamado “perigo iminente”.
É o caso, por exemplo, do filósofo belga, Raoul Vaneigem, autor de “Nada é sagrado, tudo pode ser dito”, cujo título da obra já entrega o conteúdo, mas na qual escreve: “Diante de uma população ou de um grupo vítima de uma ideologia racista e xenófoba, a expressão do ódio é assimilável (equivalente) a uma via de fato”.
Mesmo entendendo que não se pode responsabilizar unicamente as redes sociais pelos ataques, os grupos que nela se formam para comemorar a violência e incentivar massacres podem enquadram-se no quesito “perigo iminente”, pois tem o poder de fazer cumprir a ameaça, portanto, podem ser limitados em sua expressão. _____________________
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