Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
Pesquisa mostra que18% afirmam que apenas Bolsonaro tem força para representar a direita, mas 54% avaliam que outras pessoas podem representar esse segmento ideológico
Pesquisa “Para onde vai a direita”, realizada pelo Instituto Locomotiva e pelo Idea Instituto de Pesquisa, ouvindo somente eleitores desse segmento ideológico, mostra que a maioria deles receberia bem novos líderes da direita, não alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
O resultado foi o seguinte: 54% avaliam que outras pessoas podem ter força para representar a direita, mesmo sem o apoio de Bolsonaro.
Outros 28% dizem que outros líderes podem ter força para representar a direita, desde que tenham o apoio de Bolsonaro.
Na sequência, 18% afirmam que apenas Bolsonaro tem força para representar a direita.
Somando-se os dois últimos índices, verifica-se que 46% consideram Bolsonaro uma figura importante ou indispensável para representar o campo da direita, enquanto que para 54% ele seria um líder substituível.
O resultado da pesquisa vem a público no momento em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) está prestes a julgar um processo que poderá tornar Bolsonaro inelegível. Como o jogo político não para nunca, há vários candidados na pista querendo a vaga de líder de direita, já com vistas à próxima corrida presidencial.
Em declaração à revista CartaCapital(12/6/2023), Renato Meirelles, presidente do Locomotiva disse que a pesquisa conseguiu separar o eleitores de Bolsonaro em duas vertentes: a “raiz”, que o apóia pela aproximação das pautas e a “pragmática”, identificada pelo antipetismo.
Agora vai por minha conta.
Primeiro, é um equívoco considerar Bolsonaro um político de “direita”, pois ele se situa no campo da extrema direita, uma fato acima de qualquer dúvida razoável. No entanto, é correto dizer que ele galvanizou um setor da direita tradicional, incluindo “liberais” que, por horror a Lula, emprestarem-lhe apoio irrestrito.
Foi esse setor que procurou desesperadamente uma “terceira via”, mas acabou votando novamente em Bolsonaro no segundo turno das eleições presidenciais.
Olhando a pesquisa, talvez possa se dizer que os 18% que só aceitam Bolsonaro como líder representam o percentual de seus eleitores de extrema direita.
Por outra vista, os demais, especialmente os 54% que aceitem rifá-lo, talvez possam constituir uma direita civilizada, o que não seria ruim para a política brasileira. * PS. A pesquisa foi realizada antes de ser encontrado no telefone do tenente-coronel Mauro Cid o documento “Forças Armadas como poder moderador”. Como revelou a revista Veja, o relatório é um passo a passo que serviria para dar um golpe no País, impedindo a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Cid era ajudante de Ordens de Jair Bolsonaro, o derrotado nas eleições, que pretendia se manter no cargo e implementar um regime autoritário.
É difícil saber se, depois disso, alguma coisa mudaria na pesquisa. Eu suspeito que, para os 18%, nada alteraria, pelo contrário, eles vão se agarrar mais ainda no líder de extrema direita.
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