Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
Chega a ser comovente acompanhar o esforço de bolsonaristas empedernidos querendo justificar os crimes eleitorais do ex-presidente como se fossem “sugestões” que ele, generosamente, oferecia para melhorar o sistema eleitoral brasileiro.
Felizmente, ainda que causem impacto, a criação de realidades paralelas, um dos mais frequentes instrumentos utilizados pela extrema direita brasileira, parece estar surtindo menos efeito.
O que se vê na CPI dos Atos Golpistas, por exemplo, é o esforço ingente da bandalha bolsonariana querendo responsabilizar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelos acontecimentos de 8 de janeiro. Para tanto costumam discursar aos berros, realizar performances ou mesmo simples palhaçadas para atrapalhar o andamento dos trabalhos.
"Mais do que uma infração eleitoral, Bolsonaro, na época a maior autoridade da República, cometeu um crime de lesa-pátria ao agredir instituições brasileiras frente a representantes de governos estrangeiros"
A estratégia deles vai dar tão certo quanto daria responsabilizar a vítima de um roubo por ter esquecido de passar a tranca no portão de sua casa. Mas, ao fim e ao cabo, esses sujeitos não se dirigem a quem dispõe, pelo menos, de uma pequena capacidade de pensar por si mesmo: a audiência deles é a récua de fanatizados que acredita em qualquer patacoada, em tudo o que seu mestre mandar.
Querem agora desconsiderar a verdade factual, e ela mostra o seguinte: usando a prerrogativa de chefe de Estado, o então presidente Jair Bolsonaro convocou uma reunião com diplomatas de outros países para alavancar sua campanha à reeleição, ao tempo em que atacava com mentiras o sistema eletrônico de votos.
Mais do que uma infração eleitoral, Bolsonaro, na época a maior autoridade da República, cometeu um crime de lesa-pátria ao agredir instituições brasileiras frente a representantes de governos estrangeiros.
Com a inelegibilidade, a “narrativa” — para usar uma expressão que eles repetem à náusea —, será agora posicionar Bolsonaro como um incompreendido, uma vítima do “sistema”, um inocente que queria apenas exercer sua “liberdade de expressão” para contribuir com propostas para melhorar a forma como os brasileiros votam,
Ora, façam-me o favor, tenham pelo menos coragem de assumir o que dizem, arquem com a consequência de seus atos. Como como vocês mesmos costumavam fanfarronear: chega de mimimi.
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