Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
Que a CPI individualize as culpas, é de direito e justiça, agora, deixar de registrar que a cúpula das Forças Armadas têm responsabilidade nos acontecimentos de 8 de janeiro, por ação ou omissão será, mais uma vez, demonstrar um temor reverencial aos militares, experiência que tanto mal já causou ao País
Segundo informações do Uol (28/8/2023) a Comissão Parlamentar de Inquérito dos Atos Golpistas “sinaliza” que vai tratar os militares envolvidos na sublevação como “lobos solitários”. Isto é, como se houvessem agido individualmente sem incentivo das Forças Armadas, ou como se os comandantes não tivessem a mínima noção do que vinha acontecendo dentro dos quartéis e nas suas redondezas.
Porém, dois dias antes, a Folha de S. Paulo havia publicado que a cúpula do Exército sabia da gravidade da crise, “por meios próprios”, no dia 7 de janeiro, véspera da tentativa de golpe. Afora que os militares golpistas conspiravam na antessala dos generais, muitos dando publicidade a seus baixos propósitos por meio de redes sociais.
A mais, os acampamentos golpistas funcionaram a todo vapor nas cercanias dos quartéis por todo o País, sob proteção dos comandantes. O mais famoso dos acampamentos era vizinho do Quartel General do Exército, em Brasília, de onde partiu o bando de arruaceiros, a linha de frente do golpe, que invadiu e depredou a sede dos Três Poderes.
A conspirata era tão aberta que eu, aqui do meu canto, escrevi quatro artigos, entre agosto de 2021 e novembro de 2022, alertando que o golpe estava em fermentação. Enquanto isso, alguns jornalistas país afora reproduziam mecanicamente o que ouviam de “fontes militares" de alta patente, afirmando que não havia perigo de um golpe. (Amigos, aprendam o óbvio: militares não informam a data da sedição.)
Os títulos dos artigos que escrevi são os seguintes: ”O perigo do golpe” (6/8/2021); “Golpe: deve-se acreditar na palavra de militares?” (11/4/2022); “O golpe da extrema direita está em andamento, é preciso derrotá-lo” (21/11/2022) e “Um golpe que se organiza à luz do dia" (23/11/2022).
Que a CPI individualize as culpas, é de direito e justiça, agora, deixar de registrar que a cúpula das Forças Armadas têm responsabilidade nos acontecimentos de 8 de janeiro, por ação ou omissão será, mais uma vez, demonstrar um temor reverencial aos militares, experiência que tanto mal já causou ao País.
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