O ataque terrorista do Hamas a Israel, com invasão do território, sequestros e assassinatos indiscriminados de civis, sem poupar ao menos crianças, tem de ser condenada decididamente, sem ressalvas. A solidariedade com o povo palestino não pode ser justificativa para que se apoie métodos condenáveis, sob qualquer aspecto.
É preciso lembrar que o contexto em que o conflito se desenrola remonta a 1947. Logo após o fim da Segunda Guerra, sob o impacto do Holocausto, a Organização das Nações Unidas (ONU) votou pela divisao do território palestino, então sob mandato da Inglaterra, criando dois estados na região: um hebreu (Israel) e outro árabe (Palestina).
Em 1948, Israel declara independência e, na sequência, Egito, Iraque, Jordânia, Líbano, Síria e Arábia Saudita declaram guerra ao país judeu. Israel vence a guerra e passa a ocupar territórios além da área determinada pela ONU.
Desde então os conflitos não cessaram e o território palestino hoje está reduzido a duas porções descontínuas: Cisjordânia, governada pela Autoridade Nacional Palestina, e a Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas.
Assim, a circunstância que levou à guerra do momento foi o ataque terrorista do Hamas, mas os ingredientes venenosos do conflito fermentam há décadas, levando ao aumento da radicalização palestina, desde então o lado ofendido da disputa, sem conseguir o reconhecimento como Estado.
No meio da conflagração, a única proposta viável para uma convivência viável entre israelenses e palestinos seria o estabelecimento de dois Estado na região, com respeito mútuo, com defende a diplomacia brasileira e também a ONU, conforme seguidas declarações de seu secretário-geral, António Guterres.
Para chegar a solução de "dois estados", nem é preciso ser um profundo estudioso do assunto, pois a outra proposta, a dos fundamentalistas, de um lado ou de outro, é suprimir o adversário.
O Hamas quer destruir o estado hebreu; o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu pretende sufocar os palestinos na Faixa de Gaza, que já está sob bloqueio há muito tempo, mas o torniquete foi apertado agora, com corte de água, alimentos e energia elétrica. Para completar os serviço mísseis estão sendo atirados sobre áreas densamente povoadas de Gaza, explodindo prédios e matando civis aleatoriamente. São crimes de guerra.
Se nada se pode esperar de uma organização terrorista em termos de negociação para se chegar a um acordo de paz; o mesmo se pode dizer do chefe de Estado israelense, um tipo de extrema direita, como Benjamin Netanyahu.
Quem atesta a disposição de Netanyahu para uma política de terra arrasada, não é a “esquerda”, ou um militante palestino, mas um periódico israelense, conforme reprodução do O Globo:
“Em um duro editorial, o Haaretz, principal jornal israelense, apontou nesta segunda-feira, o primeiro-ministro de Israel, Benjamim Netanyahu, como o responsável pelos ataques sem precedentes orquestrados pelo Hamas, que deixaram mais de mil mortos. O Haaretz destacou a incapacidade do premier de avaliar os riscos para a escalada do conflito representados pelas políticas francamente hostis aos palestinos e pela presença no governo de representantes da ultradireita religiosa radicalmente antiárabes".
Em outro trecho, o jornal acusa Netanyahu de querer anexar a Cisjordânia, afirmando que após a última eleição ele substituiu a cautela “pela política de um ‘governo totalmente de direita’ com passos claros tomados para anexar a Cisjordânia, de levar adiante limpeza étnica em partes da área-C definida pelos Acordos de Oslo, incluindo as Colinas de Hebron e o Vale do Jordão”.
Ou seja, Netanyahu surge como uma espécie de co-autor do massacre promovido pelo Hamas.