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Mulheres: se "trabalho invisível" fosse computado, PIB aumentaria 8,5%
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Mulheres: se "trabalho invisível" fosse computado, PIB aumentaria 8,5%

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, as brasileiras dedicaram 9,6 horas a mais da sua semana para as tarefas domésticas em comparação com os homens

No programa Debates do Povo (rádio O POVO/CBN) na semana passada comentei rapidamente o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) sobre os desafios para o enfrentamento do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil.

Perguntei, na ocasião, qual seria o valor monetário dessas fatigantes tarefas — cuidar da família e da casa —, que recaem com peso desproporcional sobre os ombros das mulheres.

Pois bem, na edição de 11/11/2023 da Folha de S. Paulo, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), responde a essa pergunta. Segundo o instituto, 65% do trabalho doméstico é feito por mulheres. Se fosse computada essa economia de cuidados, seriam acrescentados pelo menos 8,5% no Produto Interno Bruto (PIB) do País.

“Na nossa sociedade patriarcal e machista, o cuidar sempre foi uma tarefa relegada à mulher, enquanto ao homem compete trabalhar", disse ao jornal a economista Hildete Pereira de Melo, professora da Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF). A economia do cuidado é essencial para o bem-estar de todos, para que a engrenagem social funcione, mas não é valorizada, afirmou ela.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, as brasileiras dedicaram 9,6 horas a mais da sua semana para as tarefas domésticas em comparação com os homens. O texto da Folha listou ainda algumas iniciativas no mundo para compensar a mulher pelo trabalho doméstico invisível, de “lavar a louça e a roupa, fazer faxina e comida” e, ainda “garantir o bem-estar principalmente de crianças e idosos”.

Entre essas medidas de compensação à mulher encontram-se aposentadoria adiantada, creches públicas, apoio a idosos e licença parental.

Além, disso, anota o jornal paulista, desde 2009, a Bolívia incluiu em sua Constituição o valor econômico deste trabalho como fonte de riqueza. No ano seguinte, a Colômbia inseriu a economia do cuidado em seu sistema de contas nacionais para medir a contribuição da mulher ao desenvolvimento do país, o mesmo ocorrendo na Costa Rica em 2015.

No Brasil, há um projeto de lei da deputada Luizianne Lins (PT-CE) que propõe a inclusão da economia do cuidado no cálculo do PIB, proposta que ainda tramita em comissões.

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