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Milei, o leão, o gato e o lobo
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Milei, o leão, o gato e o lobo

Mesmo reconhecendo que Milei terá dificuldade em aplicar suas propostas "anarcocapitalistas", a capacidade de estrago desses caras da extrema direita é muito grande, nos Estados Unidos, no Brasil ou na Argentina

A plataforma DW Brasil reproduziu um trecho da reportagem do jornal alemão Allgemeine Zeitung, que traz o seguinte título: “O leão vai virar gato”, referência a Javier Milei, eleito presidente da Argentina:

“Milei é politicamente inexperiente e dispõe apenas de uma pequena minoria de deputados e senadores no Congresso e de um partido jovem de capacidade limitada. Ele não poderá manter seu rumo radical se quiser governar. Já nas semanas entre as duas eleições, Milei ajustou o seu discurso e suavizou algumas das suas promessas radicais. (...) A domesticação do leão selvagem pode ser atribuída, entre outras coisas, a uma aliança com a candidata derrotada da aliança conservadora de oposição, Patricia Bullrich, e o ex-presidente Mauricio Macri. Os dois políticos, que já haviam sido insultados por Milei como parte da 'casta', uniram-se em apoio a Milei, em nome da 'mudança' – e devem ter feito algumas exigências a ele", escreveu o jornal alemão.

Já que o jornal germânico utilizou-se de uma repetida máxima para classificar quem se acovarda, aqui vai outro anexim: “O lobo perde o pelo, mas não perde o vício”.

Se hoje, no Brasil, é mais difícil apostar na “domesticação” de Milei, é porque aqui se passou pela experiência devastadora de Jair Bolsonaro na Presidência. Durante a campanha de 2018 era comum comentadores afirmarem que a faixa presidencial teria uma espécie de poder mágico sobre Bolsonaro, e que ao entrar no Palácio do Planalto, ele se tornaria uma pessoa, digamos, “normal”.

Mas o que se viu foi Bolsonaro dobrar a aposta, atacando as instituições, liberando armas, contribuindo para a devastação de florestas e do garimpo ilegal, além da acusação de ser responsável por milhares de mortes durante a pandemia da Covid-19, pela sua resistência às medidas de prevenção e pelo sua oposição militante à vacina. Fora o clima de tensionamento que atravessou toda a sociedade durante o seu governo.

Ou seja, mesmo reconhecendo que Milei terá dificuldade em aplicar suas propostas “anarcocapitalistas”, a capacidade de estrago desses caras da extrema direita é muito grande, nos Estados Unidos, no Brasil ou na Argentina.

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