Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
O melhor seria se as instituições promovessem uma autocorreção. Como isso é esperar pelo impossível, resta a alternativa dos aventureiros populistas de extrema direita, que se nutrem do caos
Reconheça-se não haver nada extravagante na proposta de emenda constitucional (PEC) que limita decisões monocráticas dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), aprovada no Senado.
A PEC não restringe a atuação da Suprema Corte, como se lê em algumas publicações, nem lhe retira a autoridade. Limitam-se apenas as decisões individuais, permanecendo intactos todos os poderes do STF conferidos pela Constituição de 1988.
O que a proposta faz é impedir decisões monocráticas para suspender a eficácia de leis ou atos normativos aprovados pelo Legislativo ou pelo Executivo. Assim, as decisões cautelares com esse propósito deverão ser decididas pelo plenário do STF.
Essas e outros temas, como prazo mais rigoroso para devolução de pedidos de vista; a defesa de mandato para seus integrantes ou mesmo a forma de nomeação dos ministros, não ofendem a independência da Suprema Corte.
Mas debate de tamanha relevância não pode ser feito em um ambiente envenenado por ameaças. Por isso fizeram bem os senadores que votaram contra a proposta, não porque necessariamente rejeitem seu conteúdo, mas pela forma como o assunto foi conduzido. Aceitar a votação nos termos apresentados equivalia a concordar com uma retaliação ao STF.
De um lado, a PEC é usada como arma pelo bolsonarismo para continuar sua intimidação ao STF, depois que o líder dessa corriola perdeu a Presidência da República. De outro, os interesses eleitorais do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), possível candidato a governador de Minas Gerais, apostando em um desgaste do STF. De sobra, seu aliado Davi Alcolumbre (União Brasil), trabalhando para voltar à Presidência do Senado, por isso cativando votos dos bolsonaristas.
Por sua vez, a reação do STF também soou excessiva, como se cobrasse uma fatura pela defesa, que realmente fez, do regime democrático, quando ameaçado por Bolsonaro.
Mas o fato é que as instituições democráticas organizadas pela Constituição de 1988 completaram um ciclo, entrando em fase de desgaste, que pode ser irreversível, pelo acúmulo de privilégios e de vícios, no Executivo, no Legislativo e no Judiciário.
O melhor seria se as instituições promovessem uma autocorreção de rumos. Como isso é esperar pelo impossível, resta a alternativa dos aventureiros populistas de extrema direita, que se nutrem do caos.
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