Forças Armadas gastam R$ 24 milhões por ano com "mortos fictícios"
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Plínio Bortolotti integra do Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
Forças Armadas gastam R$ 24 milhões por ano com "mortos fictícios"
Militares expulsos da Marinha, Exército e Aeronáutica pelos mais diversos crimes, como homicídio e tráfico de drogas, tornam-se "mortos vivos", e a família passa a receber pensão
Foto: Mauri Melo/O POVO
Forças Armadas. Solenidade no Quartel do 23º Batalhão de Caçadores, no bairro de Fátima, Fortaleza
Recentemente no artigo "Os militares e a reforma da Previdência", comentei a declaração do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), dizendo que uma reforma da Previdência deveria começar pelos militares. De fato, as Forças Armadas (FFAA) fazem parte da casta de servidores públicos que desfrutam de "direitos" que são verdadeiros abusos. Entre eles, privilégios previdenciários.
Encontraram, inclusive, uma fórmula para continuar remunerando militares que são expulsos das fileiras das FFAA, por qualquer motivo, inclusive crimes graves, como homicídio e tráfico de drogas. Em um arroubo de criatividade deram vida ao chamado "morto fictício". Assim, dependentes podem continuar a receber a pensão do morto de mentirinha. Muito vivo, por sinal.
No ano passado, a Fiquem Sabendo, organização dedicada à transparência pública, conseguiu descobrir que 69 militares da Marinha e 239 da Aeronáutica são "mortos vivos", expulsos das forças, mas com pensão assegurada aos dependentes. A Marinha gasta R$ 4,63 milhões por ano (2022) com pensões do tipo, A FAB não divulgou valores. Os dados foram obtidos pela Lei de Acesso à Informação (LAI). Porém, na ocasião, Exército recusou-se a fornecer qualquer dado,
No entanto, a Fiquem Sabendo conseguiu os números neste mês de junho, informação divulgada pela Folha de S. Paulo. O Exército tem em suas fileiras 238 "mortos fictícios”, cujas famílias recebem pensões que somam o valor de R$ 20 milhões por ano. Sem considerar a Aeronáutica, o dispêndio anual com “mortos fictos”, com a manobra também é conhecida, é de R$ 24,63 milhões. No total, os gastos com pensões militares chegam a R$ 25,7 bilhões por ano (2023),
Um caso exemplar de zumbi, como mostra a Folha, é de um coronel do Exército, preso em 2014 com 351 kg de maconha, no Rio de Janeiro. Ele foi expulso do Exército somente em 2020, e a filha dele passou a receber uma pensão de R$ 13,4 mil por mês.
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